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domingo, março 30, 2025

O TRANSPORTE AÉREO PRECISA MUDAR DE MODELO


A GOL Linhas Aéreas divulgou que teve um prejuízo de R$ 6,07 bilhões em 2024, quase 5 vezes maior que em 2023, fruto da desvalorização cambial, do aumento de despesas financeiras e dos custos operacionais. Não é um fato isolado, pois a Azul, mesmo transportando 30,8 milhões de passageiros, uma alta anual de 5,4%, também reportou prejuízos, no ano de 2024, de R$ 8,2 bilhões. Como não sou um especialista em aviação, mas um curioso, sempre tenho me valido do conhecimento do meu colega de profissão, o professor Lucio Morais, da UNIR, Universidade de Rondônia, que me abastece de informações sobre o tema.

E foi através dele que soube que, no mundo, a desregulação do transporte aéreo (airline deregulation) ocasionou um crescimento de 1980, quando havia 640 milhões de passageiros, para, em 2019, existirem, voando pelo mundo, 4,46 bilhões, ou seja, quase 4 bilhões de passageiros incluídos no mercado em quatro décadas. Este é um dos problemas do Brasil: apesar de ter começado um processo semelhante, nos anos 2000,  com flexibilização da regulação de preços das passagens aéreas domésticas, criado um regulador civil ,com a criação da Lei da Anac, em 2005, e , antes do final da década, ter feito a flexibilização da regulação de preços das passagens aéreas internacionais, no entanto, apesar de outras medidas pontuais, o processo nunca foi concluído, de forma que continuamos a ter uma aviação muito mais regulada que  os EUA e Europa. Um dos problemas disto é que não existe, no Brasil, o mercado de transporte aéreo conhecido, no mundo, como low-cost (baixo custo), cujo surgimento foi um dos melhores resultados da desregulamentação. Esta inovação, no mundo, massificou o transporte aéreo. Em 2019 a participação de mercado das empresas de baixo custo foi de 44,5% na Europa, 35% na América do Norte e 32,5% na Ásia. E no Brasil ainda não chegou. Não há dúvida nenhuma de que são as falhas do governo que impedem sua existência e a consolidação da desregulação econômica do transporte aéreo no Brasil. Mesmo para um analista, sem tanto conhecimento, não existe um mercado de empresas aéreas low-cost por falhas do governo, legislações, regras ou práticas de (múltiplos) governos (incluindo Executivo, Congresso e Judiciário) que produzem custos mais altos e enorme insegurança jurídica e econômica na aviação. E o que temos tentado mudar esbarra sempre em problemas governamentais, como, por exemplo, a aviação regional. É uma constatação frustrante, mas não há para onde correr: as soluções dependem basicamente do poder público. Nós, aqui da Amazônia, do Norte sentimos mais do que outras regiões os problemas e os custos da aviação, porém não será possível mudar este panorama, que implica, em termos de país, que somente cerca de 16% das pessoas, com toda a facilidade de crédito, tenha acesso ao transporte aéreo, sem uma mudança das regras. São elas que causam prejuízo para a aviação existente e restringem seu enorme potencial de crescimento.  E a regulação que produz custos mais altos e enorme insegurança jurídica e econômica para as empresas, inclusive com judicializações completamente desnecessárias. A inevitável e indispensável conclusão é de que precisamos avançar urgente na desregulamentação do mercado de aviação para criar um mercado estável, consolidado e com concorrência para atender a enorme demanda contida do transporte aéreo.


quinta-feira, março 06, 2025

O SUCESSO DO DIA DO CONSUMIDOR

 


Criado pelo então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, para ressaltar que os consumidores tinham direito à segurança, informação e liberdade de expressão, como Dia Mundial dos Direitos do Consumidor comemorado, pela primeira vez, em 15 de março de 1962, a data provocou debates e estudos tornando-se um marco na defesa dos direitos dos consumidores. No Brasil, porém, isto aconteceu muito tempo depois e a comemoração se centrou mais em ações promocionais com foco nos clientes e se consolidou somente em 2014, muito por conta da iniciativa do comparador de preços Buscapé. Esta consolidação ocorreu em virtude da campanha que instituiu a data em parceria com mais de 500 empresas de e-commerce que atuavam nacionalmente, como Walmart, Americanas, Netshoes, Centauro, Dell e outras varejistas digitais que se engajaram na celebração no país.

O Dia do Consumidor, todavia no nosso país tem suas peculiaridades, pois além de ser voltado para celebrar os direitos dos clientes, também é uma ocasião para as empresas empregarem boas práticas no relacionamento com os clientes, bem como realizar campanhas com o objetivo de melhorar o engajamento do seu público buscando idealizá-los. Também, o que muitas empresas estão fazendo, é não se restringir apenas ao dia e sim dedicar uma semana inteira a oferecer ações e ofertas que podem contribuir para movimentar os seus negócios. No bom sentido, assim como aconteceu com a Black Friday, o que procuram é aproveitar uma data para criar uma estratégia de relacionamento e vendas. Muitas prepararam sob a denominação de “Semana do Consumidor” eventos, promoções e preços especiais para fidelizar os seus clientes e capturar novos clientes.  

Cada empresa tem suas características, seus planos de marketing e formas de relacionamento com seu público, mas é crescente o interesse que está despertando o Dia do Consumidor, que acontece no dia 15 de março, e está se tornando uma data tão relevante para o varejo que o Google já o considera uma das grandes datas do primeiro trimestre. E são tantas as ações promovidas, em termos de Brasil pelas empresas, que, com certeza, o Dia do Consumidor já se tornou parte do calendário de compras, e, cada vez mais,  os consumidores  estão tomando conhecimento da data e  se preparando para  as promoções e as oportunidades. Neste sentido o varejista que, atualmente, não se preparar para o Dia do Consumidor perde as chances de surfar numa nova brecha que pode ser um excelente momento para aumentar sua clientela e o faturamento. Quem tem utilizado muito bem a data são as empresas de e-commerce que andam aderindo e investindo forte na sua celebração. E isto tem se refletido claramente num aumento de mais de 90% nas buscas, no mês de março, do termo “Dia do Consumidor”, em relação à 2024, segundo o Google Trends, o que demonstra que a data vai se consolidar, efetivamente, como uma das melhores datas do comércio no primeiro trimestre do ano.