

A rigor Lula da Silva não tem o mínimo de visão histórica ou de auto-crítica ou, o que é mais assimilável, não tem o menor pudor de sacrificar tudo em prol de resultados no melhor estilo de que o fim justificam os meios. Somente a falta completa de auto-crítica ou de visão justificam que tenha a coragem de dizer, no mesmo comício, que "não é fácil para uma parte da elite política do Brasil compreender por que é um torneiro mecânico e retirante nordestino que está aqui nessa tribuna e não eles". Não é, realmente fácil, principalmente quando este torneiro mecânico e este retirante, assim como o líder sindical do passado, estão perdidos no tempo. A imagem que se tem do Lula de hoje é o de quem beneficia os banqueiros, enquanto espreme a classe média arrochando salários, extorquindo impostos e distribui migalhas para os pobres com a mesma generosidade que distribui favores para seus companheiros e verbas para os meios de comunicação. Lula só lembra o que lhe interessa e esquece, rapidamente, o que contraria sua vaidade. Se falavam da vaidade de Fernando Henrique, neste ponto, todavia a de Lula é imbatível. Se julga o último e definitivo rei da cocada preta.
Acontece que, excetuando a fartura de crédito, sua aparente popularidade se nutre apenas dos bons resultados da economia que muito pouco tem a haver com ele, exceto, o que no seu caso não é pouco, da centelha de sensatez que teve quando abandonou o receituário falido da esquerda para manter a política econômica do governo anterior o que, aliado com os bons ventos externos, leva aos resultados razoáveis da economia no momento. Lula, é claro, distribuindo assistencialismo ganha eleições e tem votos, mas, seu governo não resiste a nenhuma análise séria. Assim como sua popularidade não resiste ao teste das ruas. Tanto que somente aparece em locais previamente preparados e com todo um aparato de segurança. Sabe que uma coisa é fazer discursos nos grotões. Outra é ter coragem de aparecer no Maracanã ou nas ruas principais das grandes cidades. As vaias dizem muito mais do que qualquer pesquisa de seus acólitos.