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sábado, maio 09, 2009

A LÓGICA TORTA...



PODER
(ou Salvai-me São Jorge de ser crente!) DO >

Pode até parecer grotesco que um deputado federal, e logo do Rio Grande do Sul que supomos uma bastilha dos libertários, o deputado Sérgio Moraes, tenha a coragem desabrida de afirmar que está “se lixando” para a opinião pública” e ainda emendar desafiadoramente para a jornalista que o entrevistava que “Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege”. Bem, pode até ter sido um deslize, mas, o deputado disse o que realmente pensa – sobre o povo, a imprensa e a democracia. Disse também, indiretamente, o que pensa sobre a atuação do colega, de vez que não viu indícios de quebra de decoro por parte de um parlamentar acusado de usar notas frias na sua prestação de contas, ou seja, foi honesto dentro dos seus parâmetros.
Não deixa de ser irônico que quando um político diz o que pensa realmente revele a lógica do poder e esta, como fica evidente, é a de que se pode fazer tudo desde que se seja eleito como se o fato de obter votos, mesmo que da forma mais rasteira possível, promova a limpeza na falta de ética e no desrespeito as leis. No entanto o desabafo do deputado Sérgio Moraes é também revelador dos tempos em que vivemos na medida em que, recentemente, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, procurava ser candidato por seu partido como uma forma de “apagar” seu passado, assim como o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palloci, anda prestes a conseguir via um mandato, que somente se explica pela inércia da Justiça. Todos se agarram na frágil defesa de que “fazem o que todo mundo faz”. Mas, isto é uma justificativa que não livra ninguém dos crimes e torna todos criminosos, porém, é diferente a atribuição generalista do crime ao crime específico. O que seria correto, se pudessem fazer, seria dizer que não fizeram o que fizeram. Ao jogar todo mundo no lixo comum o que se faz, de fato, é querer justificar a criminalidade pelo discurso e sepultar a culpa pela via do voto. Se assim se for, então se justificaria inocentar os criminosos que conseguissem votos? E quem duvida de que Marcola ou Fenandinho Beira Mar não seriam bem votados?
Aqui, por dever de ofício, é preciso acentuar que se trata de um costume que tem raízes no PT. Concordo plenamente que o Partido dos Trabalhadores é igual a outro partido qualquer e que não inventou a corrupção nem é o único por ela responsável, mas, não posso deixar de assinalar que lhe cabe a culpa, com a reeleição de Lula da Silva, de ter inaugurado o costume de se achar que tudo é possível se encobrir com os votos. Não é. O sistema eleitoral brasileiro, por si mesmo, é uma fonte de males com o clientelismo e a compra de votos afastando do exercício da política os mais probos, os mais cultos e os mais jovens. E, infelizmente, como comprova a tentativa frustrada de retorno de Delúbio Soares, com seu discurso lamacento de renúncia, um partido que veio para mudar se transformou numa fonte de atraso, o verdadeiro condutor do clientelismo, do “é dando que se recebe” e da compactuação com quem, no passado, como Sarney, Collor, Jáder Barbalho ou Jucá Romero, chamavam de “ladrões”. Também nisto o PT não inova, mas, se afasta dos ideais que nortearam sua formação e se tornou a verdadeira direita do país que, estranhamente, somente se revela em episódios tristes, como este, onde um deputado da base aliada desvela a lógica do poder que quer se manter a qualquer custo. Ou é mentira que já anda se pretendendo, no melhor estilo Chávez, rasgar a Constituição em busca de um terceiro mandato?

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