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domingo, maio 01, 2011

Em favor de um forte partido de oposição


Não há nada demais em um partido governar um país por doze anos ou até vinte ou trinta que seja. O grande problema em relação ao PT é que não tem um projeto para o país e adota e incorpora os discursos alheios, como os do PDSB de distribuição de renda e modernização pelas privatizações, cujos resultados positivos foram estigmatizados e demonizados durante as campanhas eleitorais, sem explicações, via uma distorção dos fatos e a propaganda intensa que, conforme a Folha de São Paulo, é feita maciçamente, hoje, até mesmo pelos livros do Ministério de Educação. Pode-se defender dizendo que o PT, de maneira competente, no governo ocupou todos os espaços políticos. É, porém, neste sentido, se não há oposição, se o governo pode tudo, inclusive modificar a realidade e as regras a seu favor, a pergunta que fica é: onde está a democracia?
A democracia anda mal na medida em que toda e qualquer oposição foi reduzida a uns poucos pronunciamentos parlamentares, sem a menor relevância e influência no processo político, ou as análises esparsas de estudiosos e colunistas que demonstram que a vida brasileira não é cor de rosa como os áulicos do poder insistem em pintar. O governo também alega, e por isto vive alimentando a ideia de amordaçar os meios de comunicação, que o papel da oposição está sendo feito pela mídia. Uma irrealidade flagrante tanto pelo fato de que a mídia não é um partido, não disputa eleições, como porque as críticas são feitas em cima da falta de ação do Executivo, da corrupção e do saque ao tesouro que sempre os denunciados alegam ser apenas “discurso de oposição” ou equívocos de políticas e/ou até mesmo mazelas da administração pública que sempre existiram. Pode até ser, mas, o discurso era o de que com a ascensão do Partido dos Trabalhadores, como eles sabiam o que fazer e sabiam fazer as coisas no interesse popular, os desmandos seriam, pelo menos, amenizados. Na contramão das promessas esses parecem terem crescido e se tornado a tônica. O país, segundo grande parte dos analistas políticos e econômicos respeitados, se encontra paralisado em relação as reformas que precisaria para avançar e ser competitivo e refém de uma política do “é dando que se recebe” que imobiliza qualquer modificação positiva. Apesar do discurso ufanista o Brasil não cresceu, de fato, e desindustrializou-se voltando a ser agrário-exportador.
A miséria em que o Brasil se afunda não é que o PT seja um partido hegemônico, que cooptou, com sobejos do poder, outros partidos e o sistema sindical, antes tão combativo e, agora, inerte gozando das delícias do poder. A miséria é mesmo a falta de uma oposição com projetos, com alternativas, que faça o que o PT fez no passado e combata diuturnamente os erros, aponte as negociatas, os acordos espúrios que mantém o poder e passam também pelo financiamento das eleições, porém, são muito mais presentes nas licitações, nos preços absurdos que o governo paga por bens e serviços que, muitas vezes, nem são prestados em razão de que as empresas, mesmo aquinhoadas, acabam por falir sob o peso das propinas altas. Não vejo o PT como um partido diferente dos demais. Nele há pessoas bem intencionadas e qualificadas, porém, não infalíveis nem predestinadas. Como partido considero que fez sua parte e esgotou-se num programa que se tornou eleitoreiro, assistencialista e apegado ao poder. É preciso que se crie uma nova alternativa de oposição que não pode ser também um novo pouso para os caciques do PSDB, do DEM e outros que já se provaram incapazes de construir algo novo. É preciso indispensável um proposta nova, mobilizadora, pois, nenhuma democracia pode sobreviver sem uma oposição forte com um programa alternativo, com políticos e militantes fiscalizadores e dinâmicos. Se isto não acontecer o PT irá se consolidar como um partido hegemônico, a exemplo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por dezenas de ano, porém, como no México, não iremos avançar mergulhados no pacto da mediocridade e do imediatismo. E, é preciso lembrar, até os árabes se revoltaram contra o totalitarismo.

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