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quinta-feira, fevereiro 11, 2016

O ACASO QUE NOS PROTEGE...


Também deu nome à muitas ruas de Porto Velho

Alguns bons pensadores afirmam que o acaso tem um papel muito mais forte no sucesso ou na existência de algum acontecimento mais do que se pensa. Lembro-me que li a tese, num livro de grande qualidade, de Leonard Mlodinow denominado de “O Andar do Bêbado”. Nele Leonard consegue explicar que, na vida, a aleatoriedade é um fato e que, muitas vezes, ocorre contra a lógica comum. Ele ressaltou, por exemplo, que, ao contrário do que pensam os torcedores, que pedem a dispensa do técnico quando o time vai mal que, em média, elas não tiveram nenhum efeito num desempenho melhor da equipe. Efetivamente, embora tente criar uma teoria de como o acaso acontece, deixa bem claro que nem mesmo a quantidade de informações influem muito, ou seja, os insucessos acontecem com excesso ou falta de informações. Para ele, há, em qualquer série de eventos aleatórios, uma grande probabilidade de que um acontecimento extraordinário (bom ou ruim) seja seguido, por puro acaso, de um acontecimento mais corriqueiro. De qualquer forma o que ele escreveu, como escreveram outros, é que se o acaso é inevitável, então a sorte é fundamental para algum acontecimento, de forma que o diferencial pode não ser o talento (ainda que necessário), mas, a persistência. Digo mesmo a teimosia.
Tudo isto foi uma longa introdução para um evento de pura sorte que me aconteceu. O Flávio Daniel Pereira, que foi carnavalesco e sindicalista reconhecido em Porto Velho, precisava de uma dica de um economista e, vejam que, por acaso, veio me procurar. E, de fato, quem saiu ganhando fui eu. Na conversa ele me lembrou uma pessoa que teve um papel fundamental em Porto Velho que foi o seu Miranda, com o nome por extenso de Luis Borges de Miranda, que, por sinal, nem sabia é o pai da mulher dele. Seu Miranda, uma figura esquecida no tempo, foi um desses heróis anônimos, como a Maria Helita Ferreira, que também foi responsável pelo cadastro e abertura de muitas ruas e avenidas de Porto Velho e outras cidades, que dela dependiam no passado. Foram pessoas que fizeram história sem se preocupar em ficar ricos ou preservar seus feitos, mas, que merecem não serem esquecidas e terem o seu valor preservado.

Flávio Daniel, com uma excelente memória, recordou como seu Miranda deu o nome de muitas das ruas de Porto Velho. A rua Brasília, por exemplo, só teve este nome porque na ocasião a nova capital federal estava sendo inaugurada. Outros nomes que foram postos por seu Miranda foram os de Getúlio Vargas, Salgado Filho e João Goulart, uma homenagem que ele, como um bom “cutuba” fez aos políticos de seu partido. Assim como homenageou os amigos, como Elias Gorayeb, Rafael Vaz e Silva, entre outros, bem como, criado pela ditadura o Estado da Guanabara virou rua graças a ele. E, vejam o acaso dos acasos, quando abriram a rodoviária e permitiram novas ruas; ele começou a denominá-las com nomes de países, porém, como não gostava de argentinos, chegou na vez dos “hermanos” e ele , no meio dos países, colocou lá uma diminuição de importância e a rua virou rua Buenos Aires.  Como se vê o acaso é muito mais forte do que se pensa. Tanto que não fosse ele não seria lembrado da origem de muitos nomes das ruas de Porto Velho. 

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