O, agora, advogado-geral
da União, José Eduardo Martins Cardozo, num discurso enraivecido no Palácio do
Planalto, depois de um encontro de juristas a favor do governo, sem nenhum
argumento convincente, tenta justificar as conversas nada republicanas, entre a
presidente Dilma Rousseff e o quase ministro Lula, alegando que “Conversas
privadas que nada têm a ver com delitos devem ser privadas”. Ora, se não
houvesse fundadas razões para Lula ser interceptado nas suas conversas
telefônicas, e dos em seu entorno, até que se poderia alegar que há uma
intervenção na privacidade, mas, o que ficou claro no saldo das conversas é que
existiu delito sim; é que o ex-metalúrgico, mesmo sob monitoramento, de forma
inequívoca com Dilma ou sem ela, arquitetava manobras para obstruir as
investigações sobre esquemas de corrupção e o trabalho da Justiça.
José Eduardo Cardozo, porém,
como é comum entre os petistas, não consegue ver crime nenhum no que fazem,
apesar da quantidade imensa de companheiros presos, dos crimes tipificados no
Mensalão e no Petrolão, na já comprovada irrigação das campanhas petistas com
recursos oriundos de propinas, nos dois anos de Operação Lava Jato, que, só de
recuperação de recursos alcançou os R$ 3 bilhões que, não há como negar,
vieram, e dizem que ainda muito pouco, de desvios de dinheiro público. Não há
viés político algum na ação da Justiça ou da Polícia Federal. O que se trata na
verdade, e isto é profundamente incomodo para o poder de plantão, é que os
fatos anulam as narrativas que tentam impingir à população.
Entre outras narrativas inverídicas
está a já desgastada e enfadonha cantilena do “não vai ter golpe”. Golpe se faz
com a quebra da lei vigente. E quem a tem quebrado não é a Polícia Federal,
quando prende quem infringiu a lei, nem os promotores que acusam, nem o juiz
que julga. Quem a fere é um governo que, num regime democrático, não pode se
manter ao sabor do seu livre arbítrio, mas, antes de mais nada, tem que ter
respeito, incondicional, à legislação vigente, sem o qual a ordem, a
tranquilidade da nação deixa de existir. É um governo que considera, por
exemplo, normal a adoção das malfadadas “pedaladas fiscais”, bem como elevar,
por medida provisória, a chefia de gabinete ao patamar de ministério para proteger
companheiros ou remanejar e gastar
recursos públicos sem a devida autorização. E se justifica por se considerar o
melhor governo que já houve, embora os milhões de cidadãos que estão indo para
rua protestar não reconhecem esta maravilha de governo que os “companheiros”
vociferam felizes, nem veem ganhos incontestáveis para a sociedade no governo
petista. O que veem são os juros altos, a inflação caminhando para ser
galopante, a falta de renda, de emprego e de governo.
Golpe não se faz com os parlamentares
votando pelo afastamento de Dilma, nem com o rito sendo julgado pelo Supremo. É
inaceitável que se fale em golpe quando a figura do impeachment consta da lei,
assim como o processo que tramita na Câmara dos Deputados segue os preceitos
legais e é um reclamo da maioria dos brasileiros, que fazem panelaços, buzinaços e
caminhadas pedindo aos parlamentares para votarem o processo de impeachment da
presidente da República. Golpe se faz com armas. E a única arma que o povo
brasileiro possui, no momento, é gritar contra um governo que perdeu toda a
legitimidade e cobrar dos seus representantes no Congresso para,
democraticamente, retirar do poder um governo que só cuida dos seus próprios
interesses, que é o de se preservar indefinidamente no poder. Isto sim que não
tem nada de democrático. Isto sim que é golpe. Claro que não vai ter golpe. Vai
ter mesmo é impeachment.
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