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quinta-feira, setembro 14, 2017

SOBRE NORMALIDADE, POLÍTICA E PRAZOS


Devo dizer que, não sei explicar por ser até imemorial este sentimento, porém, não me sinto um sujeito normal. E, quando digo isto (tem pessoas que podem pensar isto de mim) não é por me sentir, de qualquer forma, superior aos outros (inferior me sinto, muitas vezes, diante de pessoas que são talentosas, gênios mesmo, com quem tive a honra de conviver). Não também que tenha nada de extraordinário ou seja um ser de intenções ocultas ou malévolas. Sou um homem quase normal nos pensamentos, inclusive sob o ponto de vista de padrões normais de desejo e até mínimos de consumo. A questão real é que, desde pequeno, além de uma acentuada timidez, não comungo nem com o proceder nem os valores da maioria das pessoas. E isto, ainda mais hoje, no Brasil é quase uma coisa criminosa.

Em certas fases da vida até cheguei a parecer uma pessoa normal. Já desperdicei, por exemplo, muitas noites diante da tela da televisão. Com a ressalva de que, apesar de considerar muito bem feitas as novelas, nunca me prenderam muito a atenção e Big Brother Brasil nem pensar. Também pareço perfeitamente normal quando assisto futebol, embora um pouco mais quieto do que o normal. Dificilmente me acharão normal por gostar de ficar zapeando ou ficar navegando em sites ou lendo notícias de vários países ou ainda traduzindo poesias. Também na infância nunca fui muito chegado a desenhos animados. Sempre gostava de futebol e de livros. Ler, até bula de remédio, sempre foi um dos meus pecados. E alterno horas em que, preguiçoso, somente desejo dormir e outras em que aceito, temporariamente, o  conceito de que "aproveitar" é "sair", buscar nas ruas e nos lugares a diversão que se supõe não está nas nossas moradias. Sou sim  de ouvir bons shows musicais , de curtir um cinema ou participar de algum evento de meu interesse, no entanto, com calma. Até mesmo viajar não pode ser mais as denominadas excursões, verdadeiras maratonas que só servem para mostrar que você já foi aos lugares que, supostamente, todos devem ir. Até aguento um dia marcar encontro com pessoas que, depois, vejo não ter afinidades e me empanturrar de cerveja como meio de esquecer o dissabor, mas, e nisto sou como a grande maioria dos brasileiros, hoje em dia, não me fale mais do que cinco minutos sobre política que não tenho o menor interesse. Hoje, uma boa discussão política, para mim, é esquecer que a política existe. É que comigo ou sem migo, só no longo prazo as coisas se acomodarão. E sei lá se  ainda tenho longo prazo...

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