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sexta-feira, julho 25, 2008

MALES DO PRESENTE

A ELEIÇÃO CLANDESTINA

Na atual eleição, fruto de uma série de problemas e da historicidade torta da democracia brasileira, por responsabilidade de todos e culpa de ninguém, graças a uma mini-reforma, a corrida eleitoral se transformou quase, no dizer feliz do jornalista Euro Tourinho, numa “eleição oculta”. Talvez, sem que se possa precisar quem foi o mentor, se cometa aí o maior crime contra a democracia representativa na medida em que não se melhora sua qualidade sem o debate, sem a livre circulação de idéias, sem que a população possa tomar conhecimento das qualidades e defeitos dos diversos candidatos.
Não é, infelizmente, o que se observa no momento, de vez que a legislação eleitoral aprovada num momento em que, sob o pretexto de melhorar o nível das campanhas, efetivamente, se cerceia o maior acesso à informação e até se institucionaliza a criminalização das mais diversas formas de propaganda, sob pretextos nobres, mas, que, no fundo, atuam contra o voto livre, o voto fortalecido pela consciência e pela comparação, surtindo o efeito contrário ao que se desejava, de vez que, na prática, alimenta o mais abjeto clientelismo, seja pelo peso da máquina pública, seja pela compra direta e monetária do voto.
O fato lídimo e insofismável é o de que quem se põe a analisar a transgênica legislação eleitoral (a Lei nº 9504/97), hoje, profundamente enxertada por casuísmos vários, acaba vendo que se tornou impraticável a política nos seus termos mundanos, que se pede, justamente, aos que respeitam a lei que se mantenham atados enquanto aqueles que não a respeitam bailam e dançam e riem do texto que lhes assegura a possibilidade de jogar pesado, e sem oposição, para continuar no poder ou obter um mandato. Não é à-toa que o nível dos eleitos tem piorado, nem que o crime tem ascendido aos patamares mais elevados do poder. Se até a própria instituição dos magistrados é criticada por divulgar quem tem, ou não, uma ficha suja, decerto, algo de muito errado está acontecendo. Sem contar que não se procura amordaçar apenas a imprensa, já muito domesticada e receosa por conta de processos e corte de verbas de publicidade, como também se impede que até a internet, que sempre foi um espaço livre de opinião, possa tecer comentários eleitorais ou apoiar candidatos. O certo é que a aplicação, ao pé da letra da Lei Eleitoral e das Resoluções do TSE e dos TREs, implicou na “pasteurização” das campanhas e na santificação dos candidatos sujos ou maus administradores. O resultado, salvo muitas vezes pela lucidez de interpretação de muitos juízes, funciona contra o regime democrático enfraquecendo-o e abrindo um espaço muito maior para a os mantenedores de "serviços sociais" clientelistas, mantidos não se sabe como, pelo clientelismo das máquinas públicas, por pastores e padres e até mesmo bandos armados, "milicianos", ou não, como comprova apreensão de manifesto de apoio à candidato pelo tráfico no Rio de Janeiro.

Ilustração: http://www.planetaeducacao.com.br/

segunda-feira, julho 14, 2008

A VOLTA DA INFLAÇÃO

A volta do dragão: é hora de se defender
Por problemas internacionais, mas, também com componentes internos, há um fato que ninguém nega: a volta do dragão da inflação. Foi uma péssima notícia para os trabalhadores a divulgação de uma inflação de 6,84% apenas este ano e um acumulado de 8,24% em 12 meses! Os números comprovam que houve um estouro nas metas estabelecidas pelo governo, ultrapassando a barreira dos 5% no período de 12 meses. O Dieese também divulgou que os preços da cesta básica tiveram aumentos brutais, muito acima da inflação, chegando a índices como 46,55 % em regiões metropolitanas como Recife para um período de 12 meses! Embora não se saiba ainda para onde a economia irá por conta da crise dos alimentos e dos preços do petróleo, está mais do que provado que, ao contrário do que diziam, o Brasil não está imune ao contágio da economia mundial nem de sua inflação geral conforme a otimista propaganda governamental. Um dado cruel e inexorável, já dito de forma clara pelo presidente do Banco Central, é o de que vai se acentuar a ortodoxa da política econômica, segundo ele, para proteger o povo e a corrosão dos salários, porém, o que a taxa de juros tem feito, efetivamente, é aumentar os preços e estancar o crescimento. A única verdade no que dizem é que os remédios serão amargos. Só para os de sempre os trabalhadores e as classes médias, de vez que, para conter a inflação, aposta-se em voltar a por freio do consumo e estrangular o crédito-e este maior e mais barato tem dinamizado o consumo e a economia. Com taxas mais altas aumenta a insegurança, reduz o crédito, aumenta o perigo do endividamento da população, especialmente para os atolados em créditos consignados (empréstimos que são cobrados na folha de pagamento). A combinação de inflação com tendência de aumento dos juros, numa economia sem mecanismos de defesa da corrosão do poder aquisitivo, aumenta a insatisfação e o perigo de crescentes greves e mobilizações de diversas categorias da classe trabalhadora, como são visíveis nas recentes greves da Previdência, dos Correios e, agora, em Rondônia, dos policiais militares representados por suas mulheres que criaram uma situação complicada ao acampar nos quartéis e, estrategicamente, impedir os ônibus da capital de circular pela manhã. É uma prévia do futuro incerto e povoado de riscos que vem por aí.
Para quem se quer se defender os economistas recomendam planejamento financeiro-algo que os brasileiros não costumam fazer, mas, é bom começar. E isto começa pela mudança de hábitos como substituir marcas mais caras por mais baratas, produtos em alta por outros de preços mais baixos, fazer compras no fim das feiras, as famosas xepas e, quando se tem dinheiro, estocar. Buscar promoções também vale, bem como otimizar o consumo de combustível, energia, telefone e outras despesas similares. Raciocine que maior inflação, para quem é assalariado, significa que você ficou mais pobre e se comporte de acordo com seu orçamento. Não há milagre a ser feito.