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sábado, julho 13, 2013

Não podemos chamar o retrocesso


O mundo precisa de ordem. E a verdade que há uma certa ordem até mesmo no caos. Só os anarquistas, que não primam, aliás, por deixar de gostar das coisas que funcionam, das coisas bem ordenadas, é que são capazes de acreditar que a ordem não seja necessária. Aliás, o problema deles não é nem mesmo a ordem. Eles não gostam mesmo é que haja comando, governo, mas, sem estas coisas, aí, principalmente, com a complexidade do mundo moderno, é que nada funciona mesmo. A ordem, por menos que gostemos, dela é uma necessidade essencial. Claro que, mais jovem, também me rebelava contra a ordem estabelecida, mas, existiam razões sensíveis: o mundo era preto e branco. As coisas eram mais simples: havia um governo militar e se desejava a democracia. Era evidente quem estava de um lado ou de outro e o que se desejava era o que, hoje, existe: um governo eleito pelo voto.
Dos anos 80 em diante o mundo mudou muito e o Brasil muito mais. A democracia que foi conquistada a duras penas, porém, como se esperava, melhorou muito as coisas, sob os aspectos de liberdade e de opinião, porém, não resolveu, como era a ilusão reinante, os grandes problemas nacionais. O crescimento, por exemplo, não foi o mesmo do governo militar, seja porque, há que se reconhecer, os militares usaram a melhor capacidade técnica possível existente e fizeram, em áreas essenciais, escolhas que foram corretas. Fizeram uma enorme dívida pública? Fizeram. Porém, é inegável que criaram um Brasil muito maior economicamente e com possibilidades de pagar a dívida sem problemas. Foram as escolhas civis, o não pagamento dos juros da dívida externa e a falta de combate adequado à inflação que fizeram com que, entre 1986 e 1994, o país voltasse aos níveis de produção dos anos 70 com governos populistas que não faziam o que deveriam fazer. Só com o Plano Real, a coragem de Itamar Franco, e com uma equipe sob o comando de FHC, é que começamos a trilhar os caminhos corretos. A estabilidade, as reformas, as privatizações, a consolidação e o controle da dívida pública (que nem se sabia de quanto era) e a Lei de Responsabilidade Fiscal permitiram ao país viver uma nova realidade e consolidar o processo democrático.
A ascensão de Lula da Silva, mesmo saudado como o supra sumo do processo, sempre me pareceu um problema. Nada contra Lula, que tem seus evidentes méritos, mas, sua falta de determinação e preparo eram, sempre foram, evidentes. Não que seu governo não tenha tido méritos. O maior deles foi manter a receita e melhorar, de forma nem sempre adequada, o acesso dos pobres a uma vida melhor. Menos pela melhoria efetiva da renda do que pelo aumento do crédito, pois, saímos de um patamar de 24% do Produto Interno Bruto-PIB de crédito para os 49% do final de seu governo. O consumo interno aumentou muito é a pura verdade. Graças ao endividamento geral também é verdade. O que é essencial para termos um país melhor: valorizar o trabalho, a educação, criar serviços de qualidade, consolidar a burocracia pública, diminuir a carga tributária, melhorar a vida dos aposentados, porém, foram promessas esquecidas. Embalado no marketing e nos elevados índices de popularidade o líder petista criou um monstrengo: a satisfação completa dos muito ricos, uma ligação direta com a população mais carente por meio de benesses e o sufocamento das instituições, em especial, o Congresso pela cooptação econômica e por distribuição de cargos das oposições. A classe média, os servidores públicos, os militares pagaram a conta com aumento de impostos e queda de seus rendimentos.  No geral, sem contestação política,  Lula deixou as coisas correrem, empurrou os problemas com a barriga e elegeu sua sucessora fazendo os acordos mais espúrios possíveis e carregando consigo a carga de seu governo ter sido palco do maior escândalo público de todos os tempos. É esta herança maldita que uma Dilma atônita tenta equilibrar sem ter forças nem a percepção de que só desligando-se de seu criador e matando os monstros ocultos debaixo do tapete. Terá força e grandeza para isto? Não sei. Sei que sugerir plebiscito é uma solução insolúvel. Sei que, hoje, falta uma visão do que desejamos, de para onde desejamos ir. E o povo nas ruas, também sem lideranças e sem caminhos, é um perigo para o aventureirismo e as soluções de força. É tempo de se ter a calma e o bom senso de verificar que precisamos, em nome da democracia, dar uma trégua para que se possa pensar em soluções e não apenas pressionar um governo que, embora não seja nem um pouco o que desejo, foi eleito contra a minha vontade e, em respeito à democracia, não podemos fazer com que seja empurrado para as cordas e haja uma quebra da ordem isntitucional. É hora das lideranças conscientes começarem a dizer que é preciso que as manifestações de ruas tenham fim e o país volte à normalidade. Não há solução mágica e só com a democracia funcionado poderemos ter uma representatividade real e as mudanças que desejamos. Continuar indefinidamente protestando e parando as atividades econômicas é um convite ao retrocesso.

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