Na tarde da terça-feira
(8) último, em Brasília, na sede da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o secretário
da Receita, Jorge Rachid, único representante governista convidado para
participar do lançamento do “Manifesto contra o aumento do PIS/Cofins”, acabou
sendo constrangido por discursos inflamados de empresários insatisfeitos com a
situação econômica do país. Apesar de tentar afirmar que existe a intenção do
governo de não aumentar impostos, o diretor da Cebrasse Central Brasileira do
Setor de Serviços) , Erminio Alves de Lima Neto, só não o chamou de mentiroso,
mas, sublinhou: “A gente não acredita no Estado”. O Estado, acrescentou ele,
"é perdulário e adora criar insegurança jurídica" por meio de um
emaranhado de normas e medidas e completou, sem medir palavras
cobrando de Rachid mais respeito. “O setor de serviços precisa ser mais
respeitado. O Ministério da Fazenda desrespeita muito o setor. Há um medo em
conversar com quem gera riquezas neste país”.
Porém, mais duro ainda
foi o presidente do Sinduscon-DF (Sindicato da Indústria da Construção Civil do
Distrito Federal), Luiz Carlos Botelho, que disparou “Não é só chegar aqui e
apresentar isso aí. Aqui se sabe de matemática e aritmética. O desafio do
senhor é tirar a complexidade (do sistema tributário)” e, foi mais além e agressivo. “É preciso dizer a verdade”, chegou
a afirmar o empresário, apontando para Rachid. “Com todo o respeito, vamos
resistir a você e a seus funcionários”, emendou, sendo aplaudido pelo auditório.
Na mesma toada o diretor-executivo do SindiTelebrasil (Sindicato Nacional das
Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal), Eduardo Levy,
engrossou os constrangimentos impostos a Rachid. “Repelimos de forma energética
a proposta do governo. No nosso setor, aumento de carga tributária implica
exclusão social”, comentou. O evento da terça-feira foi o início de uma série
de atividades organizadas por entidades de diversos setores produtivos que
encaram a reforma do PIS/Cofins como uma estratégia para aumentar a carga
tributária.
Este comportamento tende
a se alastrar na medida em que, com a crise, e a consequente queda das
receitas, os governos, tanto federal, quanto estaduais, tomam a decisão mais
fácil que é a de aumentar impostos, que, por sinal, já se encontram num patamar
muito elevado. Aqui mesmo, em Rondônia, apesar do governo alegar que as contas
estão em dia, também foram propostas várias leis para “recompor o caixa” e
prevenir inadimplência. A alegação é de que todo mundo sofre com a crise, o que
é verdade, porém, entre os empresários há a sensação de que estão transferindo
a inadimplência dos cofres estaduais para o cofre deles. E se alastra, cada vez
mais, um sentimento de resistência contra o pagamento de mais impostos. Até já
se fala em criar uma campanha sob o slogan “Basta de impostos”, todavia, há os
mais radicais que pregam uma paralisação, mesmo que temporária, no pagamento de
impostos como forma de protestar e fazer com que os políticos entendam que o aumento de
impostos chegou ao limite suportável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário