Bem,
verdade seja dita, não gosto muito de chegar no Natal, no fim de ano, falando
de coisas horrorosas, mas, me digam, como não falar, como não escrever sobre as
tristezas de um país sem rumo, de um ano horroroso, que termina de forma mais
melancólica do que nunca? Não bastou a tragédia de Mariana. As coisas andam tão ruins que, não foi o
cinema que incendiou e sim, para tristeza geral, uma parte do magnífico Museu
da Língua Portuguesa, em São Paulo, logo, um pouco antes da data em que
entraria em vigor o Acordo Ortográfico. O incêndio, aliás, deve ser uma
vingança dos fados, uma resposta simbólica, porém, incontestável, contra a
manutenção do segundo mandato da presidente Dilma, numa artimanha judicial, que
é um completo desrespeito à Constituição, pelos que deveriam preservá-la. É
como se tivessem dito, os fados, se o país já acabou para que a língua?
Este
ano, que, o seu final, ainda nos presenteia com um o novo ministro da Fazenda,
Nelson Barbosa, o pedalador, que substituiu, Joaquim Levy, o Mão de Tesouras, que não cortou nada, é o mesmo que vê o aedes aegypti, que já havia sido banido há
mais de um século pela determinação do sanitarista Oswaldo Cruz, vencedor da
batalha da vacina obrigatória e do saneamento urbano, retornar, por
incompetência, como vetor de transmissão da dengue, chicungunha e a febre
produz fetos microcefálicos e,em crianças e idosos, a síndrome neurológica
Guillain-Barré. Ou seja, procriar se tornou um risco e aos velhos, não bastava
apenas deixá-los mais pobres e endividados, foi preciso garantir que, no
futuro, sejam em número menor, numa diminuição dos custos das aposentadorias
por mortalidade. Até mesmo o whatsapp,
que havia se incorporado ao cotidiano nosso de cada dia, para não nos dar
sossego, para completar a intervenção indevida e a judicialização da vida
brasileira, foi para o espaço, por algumas horas, atingindo por uma canetada.
Se bem que já estamos nos acostumando com a criminalidade, o trânsito cada vez
mais precário, a falta de energia, de internet, de tv a cabo, de Netflix,
então, por que também não do whatsapp? O que, todavia, não nos falta são novas
regras e novos impostos. Afinal, como nos afirma o sábio deputado líder de
governo, falta mais governo.... E, para piorar, se é possível, mas, dizem que sempre
pode piorar mais, vamos continuar a ser governados por Dilma, Renan e Cunha, em
2016. É Natal, um natal de vacas magras, diga-se de passagem, e de noticiário
de gordas propinas que levaram muitos para as prisões sem que, no essencial,
nada tenha mudado. A suspeita, e as previsões, são de que teremos um ano pior
ainda. Será, dizem os astros, magos e pitonisas, um Annus Horribilis. Feliz
2019- para quem sobreviver. Com o que continuamos a ter, ainda teremos mais três anos, para poder pensar em mudar alguma coisa.
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