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quarta-feira, dezembro 02, 2015

UM ZUMBI EM GESTAÇÃO


Não tem outra palavra senão a que Boris Casoy usa como bordão: “É uma vergonha!”. Mas, contra toda a lógica política e de decência, o que se viu foi que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou a inclusão da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) na arrecadação de 2016. A votação aconteceu durante a apreciação do relatório do senador Acir Gurgacz (PDT-RO) à receita da proposta orçamentária de 2016 (PLN 7/2015) e, pelo texto aprovado, se pretende com a arrecadação do tributo, a partir de setembro do próximo ano, transferir do setor privado cerca de R$ 10,1 bilhões de receita para os cofres da União. Num momento de crise, num momento em que são comprovados que uma grande quantidade de recursos públicos saí pelos ralos do desperdício e da corrupção, com uma carga tributária que já é das maiores do mundo, isto representa, no mínimo, um desrespeito à opinião pública e uma comprovação de que os parlamentares fazem jus ao conceito geral de que somente cuidam dos interesses próprios.
É verdade que a aprovação não importa em que o tributo seja recriado, porém, que o valor da arrecadação com ele foi incluído na proposta orçamentária, ou seja, que se deixou a porta aberta para o governo pressionar por sua aprovação e, como já contou com o apoio de PT, PMDB, PCdoB, PP, Pros, PTB, PRB, PSD e PDT  (Só votaram contra PSDB, PSC, DEM e PSB) pode-se esperar uma grande ofensiva no sentido de que a proposta que recria a CPMF (PEC 140/2015) tramitando na Câmara, e que ainda não passou pela primeira etapa de votação, acabe, por vias e travessas, tendo sua análise de admissibilidade feita na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). De qualquer forma, ao ser incluída no orçamento, se oferece a oportunidade do governo tentar fazer o tributo virar realidade até  maio, prazo máximo para garantir a promulgação da PEC e cumprir o princípio da noventena.

O comportamento dos parlamentares é mais vergonhoso ainda quando se sabe que a CPMF é um tributo denominado de gilete, que corta dos dois lados, de vez que pesa sobre a produção e também sobre o consumo. Na produção aumenta os custos dos insumos e diminui a disponibilidade financeira das pessoas e das empresas nas retiradas de dinheiro dos bancos. Ainda por cima é de natureza cumulativa e antinacional na medida em que aumentando os custos da nossa produção favorece a importação de produtos. É um tributo que estimula o uso do dinheiro vivo (para fugir da tributação) e invasivo ao incidir sobre todas as fases da produção onerando toda a economia formal. Também é injusto por não expressar a capacidade contributiva, base indispensável para incidência tributária. Enfim, é um imposto ruim, péssimo para a economia ainda mais numa economia em depressão. Deveria estar morto, enterrado e sepultado. Não está. E, vergonhosamente, os parlamentares dão sobrevida a um morto que pode se tornar um zumbi, mais um, que atormentará ainda mais a vida dos brasileiros. 

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