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terça-feira, agosto 09, 2005

A Favor do Economista

De acordo com dados do Inep -Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, autarquia vinculada ao Ministério da Educação, não chegam a 70 mil o número de aluno matriculados nos cursos de Economia do país, embora, entre 2000 e 2003, haja crescido, em 9,9%, o número de economistas formados. No entanto o que mais tem chamado a atenção é o fato de que, nos anos iniciais do século XXI, os cursos de administração alcançaram, com 565 mil matrículas em 2003, o primeiro lugar no ranking nacional da preferência dos universitários, enquanto nas carteiras dos cursos de economia sentavam pouco mais de 10% deste total. Há, portanto uma tendência de diminuição do interesse pelas Ciências Econômicas que está na contramão, por exemplo, dos Estados Unidos onde, entre 2000 e 2004, 16.411 diplomas de Economia foram outorgados com um aumento de 40% em relação aos cinco anos anteriores.
Como explicar tal desinteresse, justamente, quando o diploma de Economia se torna, em todo mundo, um crescente objeto de desejo? Não há dúvida que, de uma parte, existe o fato de que ser economista exige mais do aluno. Não é só o tempo maior, como a maior exigência de matemática, leitura e raciocínio, embora isto pese. É também que há uma grande desinformação a ponto de muitos acreditarem que Administração dá uma formação mais abrangente, que o economista somente lida com mercado financeiro ou a visão, completamente distorcida, de ser uma profissão ligada a planos econômicos mirabolantes e fracassos recorrentes, ou seja, em geral, avaliam que o curso de administração é mais amplo, com uma formação que pode abrir mais portas para o mercado. Esta percepção tem mantido os jovens longe dos cursos de Economia. O mais estranho é que isto ocorre quando os economistas, ao contrário do que se pensa, têm visto seu campo de trabalho aumentar seja por causa das exigências da globalização, seja pela crescente necessidade de se entender as recessões e crises ou pelas questões ecológicas e de desenvolvimento sustentável.
Em Rondônia este desinteresse é facilmente compreensível. Com um campo de trabalho reduzido pelo desmantelamento governamental do planejamento e da pesquisa, bem como a desvalorização dos projetos de longo prazo, substituídos pelo “fazejamento”, a ação meramente reativa, o economista não possui dados essenciais para trabalhar como séries históricas, índices e relatórios. Na verdade, em termos de operacionalidade, exceto sob o ponto de vista da informática, há um evidente retrocesso nos padrões do desempenho público em relação às décadas passadas. Assim a desvalorização do economista representa, na prática, o abandono de uma melhor qualidade de vida e de um desenvolvimento mais rápido. Como disse, certa vez, o Dalai Lama sobre a necessidade, ou não, de um guru para a elevação espiritual que é possível sem ele, mas sua presença poupa tempo. O mesmo fenômeno se verifica em relação ao economista. Sem ele é possível criar desenvolvimento, mas sua presença poupa tempo, muito tempo, e recursos.

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