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segunda-feira, junho 13, 2005

ERRO DE FOCO

Não se pode negar que, antes de assumir o governo, se deve ao PT colocar no alto da agenda do país a questão da corrupção. Aliás, a questão era tão prioritária que bastava qualquer folha cair fora do esperado o PT já desejava criar o que, hoje, assusta sua cúpula: uma CPI. Propuseram CPI para tudo. Por trás de tal obsessão pelo tema estava o fato de que, sem conhecimento da máquina, seus maiores ideólogos pensavam que havia dinheiro sobrando e que, se não se fazia o que tinha de ser feito, se devia ao desvio dos recursos e à falta de vontade política. Seu programa era, de fato, este: reduzir a corrupção e ter vontade política.
No governo teve que aprender que vontade política não é unilateral e que não há recursos para se fazer o que precisa ser feito, embora continue, como os governos anteriores, utilizando muito mal os recursos disponíveis. O que o PT tem feito muito bem no governo já fazia antes na campanha: utilizar os instrumentos de marketing político com extrema capacidade. No entanto, a bem da verdade, nenhum governo demonstrou tanto despreparo para lidar com a corrupção como o PT. Basta ver a série de episódios, iniciados com o celebre caso Waldomiro Diniz, que culminaram na atual crise da CPI dos Correios.
Não se trata aqui de querer acusar o PT de ser mais ou menos corrupto do que nenhum outro partido. Possivelmente todos são mais ou menos iguais. Com bons nomes e indivíduos nada recomendáveis. A questão é que, como o PT estava travestido de “vestal da moralidade”, o fato de serem encontrados no Ministério, e nas articulações do partido, reconhecidos políticos de folha pouco limpa, o fato do presidente defender figuras pouco recomendáveis, enodoa sua administração.
A única coisa positiva é que, se as oposições usarem bem a CPI, pode ser retirado de pauta a questão da corrupção para se buscar uma agenda positiva. Afinal moralidade não pode ser programa de partido. Moralidade deve ser pressuposto de qualquer partido ou pessoa que pretenda participar da vida pública. Imoralidade é não punir o fato exposto. Imoralidade é dar guarida para que os culpados permaneçam impunes. E se o foco estava errado antes continua mais ainda, agora, quando não assumem a posição de punir os culpados não apenas nos discursos. Esta posição defensiva passa a impressão de que, de fato, o partido teme que algo oculto apareça à luz do sol.

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