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sexta-feira, julho 29, 2005

Em Torno de um Álibi de Fumaça

Embora o PT, agora, numa autocrítica tardia assinale que não é o dono da verdade, na verdade, sempre se comportou como se fosse. O PT, e Lula da Silva como sua mais destacada liderança, se acostumaram a ser atiradores de pedras na vidraça e fizeram escola tanto que, muitos dos comportamentos estapafúrdios de denuncismo, que hoje se repetem, tem origem na sua própria prática partidária. A rigor o PT se comportava como se fosse o cisne no galinheiro: quem fazia a titica não era ele. E foi assim mesmo quando existiam os primeiros sinais de que assim não era. Ser petista virou quase sinônimo de puro e um passaporte para julgar os outros sem o mínimo de consideração pela verdade mesmo quando em seu nome. O PT, na realidade, foi o partido mais implacável que já existiu com os seus adversários na história recente do país.
Hoje paga o preço. E o paga de uma forma que, em nada tem uma explicação sequer, no mínimo, razoável. Chega a ser cômico que, por exemplo, o senador Suplicy peça, ao ex-ministro José Dirceu, para dizer a verdade no seu depoimento na Comissão de Ética. Porém que explicação, que verdade pode dizer o atual deputado quando é ululante a série de desvios éticos e morais? Que os fins justificam os meios? Ou que, como Pereira, não sabia de nada? Ou, como Delúbio, que as investigações vão esclarecer? Ou fazer igual a Lula da Silva e afirmar que como todo mundo faz “sistematicamente” tudo é normal? O caminho mais simples para José Dirceu seria o de renunciar, mas, para renunciar, agora, é preciso uma grandeza que tem faltado aos personagens desta crise. Seria um sinal de vergonha- o que não parece estar no horizonte dos envolvidos.
Todos se comportam como se nada tivessem feito. Todos procuram fugir de suas responsabilidades com ataques seja a elite, a um complô pouco provável ou a setores da direita. Nada falam sobre os milhões que circularam nas contas de Marcos Valério, sobre os empréstimos inexplicáveis, sobre os presentes caros e o modo de vida faustoso. Lembro que, no Programa Roda Viva, o ex-presidente José Genoíno chegou a chorar jurando inocência por seu passado. Alguns dólares, na cueca de um militante, depois o fariam ficar sem argumento sequer para explicar porque somente a partir dali iria cuidar da sobrevivência. E o presidente Lula da Silva repete a cantilena de sua mãe analfabeta, de seu passado, de que quer acabar com a corrupção, porém não diz que não sabe, ou soube, não aponta sequer os inocentes que diz são vilipendiados pela imprensa. Pobre presidente! Usa um álibi de fumaça: ou soube e nada fez (a hipótese mais lógica) ou, o que é pior, terá sido, em tanto tempo de mandato, apenas um espectador privilegiado do que os outros fazem. E, diga-se de passagem, mal e porcamente. Para quem criticou tanto o seu desempenho tem sido (e não se precisa esperar o final do seu mandato) medíocre.

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