Total de visualizações de página

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O DISCURSO E A REALIDADE

Todo político em campanha tem por hábito acenar com o maior número possível de promessas, esquece o que prometeu e não cumpriu, evitar temas que o embaracem e prometer um futuro mais risonho e melhor. Lulla da Silva não se comporta de modo diferente. Repete a formula, de um modo calculado e populista, pois esta sua visita a seis estados, inclusive com reinaugurações que nada mais são que pura campanha eleitoral.
É uma tentativa de consolidar o que o governo considera uma boa fase. Assim pode-se esperar um Lulla brandindo os aumentos reais concedidos ao salário-mínimo (e escondendo os problemas que isto traz em especial o desastroso impacto nas contas públicas), os bilhões destinados ao Bolsa Família, os mais de três milhões de empregos criados ainda que, de fato, isto represente, de vez que nas contas do passado do próprio PT seria preciso criar 1,5 milhão de empregos/ano só para não aumentar o desemprego, um desempenho abaixo do governo FHC. De qualquer forma a questão é vender que está se criando o “circulo virtuoso do crescimento” e que, amanhã vai ser melhor.
No entanto ao antecipar a campanha eleitoral, o que Lulla fez com seu discurso no primeiro dia do ano, e tentar vender uma imagem irreal de seu governo o que se faz é prestar um desserviço à evolução política do país. Tenta se esconder da população o já constatado aumento dos gastos públicos que vem sendo financiado à custa do aumento da carga tributária e do corte dos investimentos. Nada se fala a respeito de que, ao chegar aos 39% do PIB — índice de país de Primeiro Mundo — o peso dos impostos converteu-se numa maneira de aumentar a informalidade, a sonegação, diminuir os investimentos, que não são suficientes para manter coisas básicas como estradas, e, principalmente estrangular a iniciativa privada massacrando as micro e pequenas empresas e os trabalhadores, em especial a classe média, que não tem como fugir dos impostos.
Infelizmente Lulla da Silva não fala nada sobre como irá desarmar esta armadilha fiscal que massacra e aumenta a inadimplência das pessoas físicas e jurídicas. Menos ainda toca em questões fundamentais como a da reforma política ou trabalhista. Seja quem for o próximo presidente não terá como fugir de tais problemas até porque a questão do desenvolvimento terá, obrigatoriamente, um papel central nos debates eleitorais. Até mesmo o mais leigo dos leigos em economia sabe que o Brasil não poderá melhorar, por mais que o governo prometa desenvolvimento em longo prazo, com as ridículas taxas de crescimento de 2% em média que temos experimentado. E, neste ponto, Lulla da Silva está em desvantagem. Prometeu um espetáculo de crescimento e, até agora, somente produziu vôo de galinha.

Nenhum comentário: