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domingo, fevereiro 12, 2006

O TÚMULO DA REPRESENTAÇÃO

A salvação de Pedro Henry, tido, havido e apontado por Roberto Jefferson como um dos operadores do “mensalão” deixa um forte cheiro de pizza no ar. Nem adianta os líderes negarem que há acordão, ou acordinho, o mal está feito e a indignação dos que pensam somente aumenta e diminui o respeito que o Legislativo deveria merecer, mas teima em deslustrar. Infelizmente invés de tomar o caminho da limpeza este tipo de comportamento reforça o estereotipo de que político somente liga para si mesmo e quer saber é de se dar bem. Até o ar de morto-vivo de Aldo Rebelo lembra uma sepultura e o Congresso caminha para se transformar numa imensa cova da política brasileira. Se existia uma distância enorme entre os desejos da população e o comportamento dos parlamentares, agora, parece existir um abismo.
È verdade que ainda existe uma imensa fila de possíveis cassados que engloba, no momento, 11 deputados, todos com o as mãos manchadas com o dinheiro, que dizem não ter marcas, porém tem o cheiro e a lama do valerioduto. O PT tem, nada mais nada menos, que cinco representantes. Mais quatro são do PP. O PFL e o PL respondem pelos dois restantes. Um senhor elenco de mágicos das maracutaias. Não são, como poderia parecer, figurinhas do baixo clero. Basta ver que há um ex-presidente da Câmara (João Paulo Cunha), um presidente de partido (Pedro Corrêa), um ex-participante da famosa CPI do Banestado (José Mentor) e um andarilho das marmotas, com passagens até por Rondônia, cujo incrível coração somente não se abala para receber dinheiro sujo. Janene, um caso raríssimo de doença oportuna, já fez de tudo que foi possível, de ameaça ao choro desabrido, para escapar, apesar de envolvido até o pescoço no escândalo do “mensalão”. Este, como se viu com um deputado menor jogado às feras enquanto Pedro Henry era inocentado, é apontado como o inventor da estratégia de poupar os figurões entregando as piabas do baixo clero.
O grande problema é que, apesar das negativas, os documentos e os depoimentos demonstram que os que se dizem inocentes carregam o imenso fardo da culpa. Se julgados à luz dos fatos não escaparão. Trazem as marcas dos crimes nas mãos, no rosto, nas desculpas esfarrapadas. Não só passaram por cima das normas legais também enlamearam os mandatos que teimam em querer preservar mesmo quando já não possuem sequer resquício de decoro. Por suas ações não perdem nada a Câmara, os partidos, o país nem os eleitores que neles votaram. Também, agora, não importa se permanecem, ou não. A absolvição de Pedro Henry, com todas as provas que cercaram sua ação, deixa patente que as cassações não dependem da culpa e sim dos conchavos, das mediações, das mutretas. É um melancólico fim para um poder que deveria representar o povo.

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