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segunda-feira, outubro 31, 2005

NÃO VAI PASSAR

Infelizmente o tempo demonstra que, com Lulla da Silva na presidência, a crise não vai passar. A crise, efetivamente, vai se incorporar à rotina. Afinal não existe a menor perspectiva de que as forças políticas se aliem para amainar o ambiente. A razão principal reside em que, mesmo sem maioria parlamentar, ainda quando a oposição se torna mais, serena é visível à incapacidade dos petistas de admitir o óbvio, que pisaram nos tomates e isto possui um preço. Querem impingir a lorota de que sua ação de aparelhamento do Estado, de corrupção sistêmica, com o fito de tomar o poder por um tempo indefinido com um projeto social-sindicalista, é a mesma coisa que o Caixa 2. Não é. Existiu muito mais seja mensalão, semanão, mensalinho, porém, nas palavras exatas de Roberto Jéferson o PT optou por “pagar as forças mercenárias para não dividir o poder”. E se deu mal.
O maior problema reside em que se torna impossível que o colapso do sistema político, seu travamento, não tenha reflexos sobre a situação econômica. É a máquina pública, que já não costuma andar, parada, são os investimentos paralisados, diante da incerteza, são as denúncias que não pararão de encurralar o governo porque, não se iludam, há muito mais. Se esta semana a questão é o dinheiro de Cuba, que já desespera muitos parlamentares, amanhã serão os fundos, depois Petrobrás, Furnas, Banco do Brasil, Secom- só para citar alguns problemas que irão explodir sobre o Planalto. Isto fora à possibilidade crescente que os bois de piranha, Delúbio e Silvio Pereira, resolvam abrir a boca, que dona Renilda, a calada senhora Marcos Valério, ou Zé Dirceu, acuado pela falta de perspectivas, não resolva se vingar.
Lulla é um refém da situação. Entrou no governo como um presidente forte, talvez o mais forte de nossa história, amparado por milhões de votos, porém não conseguiu, sem maioria parlamentar, mudar nada. E sucumbiu diante de um Congresso eleito na base de práticas clientelistas sem compromissos partidários ou programáticos, por não fazer o que se esperaria de seu discurso de vida e de campanha: lutar para mudar o ambiente político. Neste sentido, como ninguém governa sozinho, por vias indiretas, resolveu “comprar” sua maioria e, com a ajuda do PT, os recursos vindos de Marcos Valério comprovam, atolou-se na prática de formas escusas superando até as práticas mais horrorosas da direita mais empedernida.
È verdade que Lulla continua um candidato capaz de ir ao segundo turno. Apesar dos escândalos e da corrupção pública, com as perspectivas razoáveis da economia, principalmente uma grande massa amparada pelo assistencialismo ainda sustenta índices razoáveis do governo e até a estabilidade econômica. No entanto a ética e as ações de governo são o contrário do que o presidente e o seu partido sempre pregaram, daí a sensação, especialmente entre a classe média e os servidores, de que foram vítimas de um golpe eleitoral. Se, afirmam os especialistas, não há tempo para que o impeachment de Lulla seja devidamente providenciado, por outro lado, não há também nem capacidade nem força para alterar os dados da situação, de forma que, tudo indica, iremos navegar entre uma onda e outra de denúncias até que o próximo pleito possa julgar o atual governo e criar novas esperanças. Com Lulla da Silva a esperança está morta, enterrada, cimentada por Caixa 2, financiamento ilegal de campanha e promessas traídas.

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