Total de visualizações de página

segunda-feira, dezembro 19, 2005

FALTA UMA OPOSIÇÃO

No momento se realiza uma verdadeira autopsia do corpo político nacional extraindo suas vísceras mais sujas e mostrando-as à luz do sol. Não é um espetáculo bonito de se ver ainda mais que, muitos dos participantes, demonstram ter, por sua natureza ética, uma ambivalência capaz de impregnar os piores odores de qualquer Instituto Médico Legal com fedores repugnantes. A mais imoral das imorais posições, que abrange, infelizmente, pessoas tanto velhacas como sem a necessária compreensão política, é a dos que bradam que as denúncias somente vieram à tona porque, afinal, chegou ao poder um governo que não as impediu, por um mínimo de coerência histórica, quando se sabe que não há, no governo atual, quem entenda o mínimo de história e menos ainda de coerência. Se não deixa de ser verdade que o governo atual sofre os ataques de oportunistas, que se utilizaram dos mesmos expedientes, como as medidas provisórias, caixa 2 e outras coisas mais censuráveis, no entanto isto não é um salvo-conduto para a imoralidade atual. É uma alegação, no mínimo, engraçada alegar o crime de ontem para perdoar o crime de hoje! Da mesma forma que é mais engraçado ainda que quando se aumenta o tom da indignação contra os descaminhos éticos e administrativos do governo Lulla da Silva certos interesses, sem dúvida bem pagos ou bem interessados, venham alegar que se trata de uma ruptura constitucional o fato de retirar do poder quem, efetivamente, não teve o menor respeito pela Constituição ou, ao menos, permitiu que o governo fosse utilizado de forma deslavada para atos que atentam não apenas contra o erário, a moral e, principalmente, contar a ordem democrática. O uso dos instrumentos democráticos para tirar quem atenta contra o Estado não é golpismo, mas o encurtamento ou deposição de alguém, em tais circunstâncias, se constitui em legítima defesa da ordem constitucional. Nesta condição, o governo atual, cuja paralisia e a inércia, inclusive sob o ponto de vista econômico e financeiro, se não caminha para uma ingovernabilidade administrativa processa uma sangria de recursos das maiores que este país já assistiu, inclusive pagando contas adiantadas com a captação de recursos a custos mais elevados unicamente para fazer proselitismo político. Só a ingenuidade de muitos, e a incompreensão imensa ou o mau-caratismo explícito, podem afirmar que a oposição política surge, com múltiplos braços e vozes na mídia, propagando uma bílis raivosa contra o governo Lulla. É impressionante, isto sim, sua completa falta de determinação e de vontade política de apear um dirigente cujas revelações escabrosas estão deixando estarrecidos mesmo os seus membros mais aguerridos. A bem da verdade em qualquer país com uma oposição, de fato, Lulla da Silva já teria caído.

Nenhum comentário: