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sexta-feira, dezembro 23, 2005

FELIZ NATAL

É Natal. Mais um Natal e, a cada Natal, invariavelmente, se faz a contagem das perdas e ganhos. Dos amigos que inesperadamente parte, das tristezas que se somam sempre mais do que as alegrias, embora também aparecem, como sempre aparecem, coisas boas. Porém, não há como não pensar, que, anos atrás, esta data possuía uma aura diferente, nós olhávamos para ela mais religiosamente, de forma mais entusiasmada e mais festiva.
O fato é que, no Natal, de agora, de acordo até com os tempos velozes, as pessoas parecem mais apressadas, mais ansiosas, mais angustiadas, seja pela falta do dinheiro, seja pelo desemprego, pelo medo da violência, de forma que tudo parece conspirar contra a alegria, matar o espírito natalino como se a bondade não devesse ser uma coisa natural, como se a solidariedade não fosse um aspecto fundamental do ser humano. A verdade é que o Natal parece, cada vez mais, comércio e menos os natais do passado no qual se privilegiava a troca de carinho, a compreensão, a amizade o sentimento.
Aliás, é do que todos parecem fugir. De revelar sentimentos, de ser autêntico, de se revelar humano e frágil como, de fato somos. Alguns até se isolam para não demonstrar a tristeza que sentem de não ter tido os resultados que desejavam ou, simplesmente, de mostrar que se entristecem, pelos sonhos ainda não realizados, ou recordando pessoas e fatos do passado que não podem trazer de volta ou reter. Natal é sempre tempo de recordações.
É normal se fique mais sensível. Que desça uma certa melancolia sem razão de ser, mas que, bem sabemos, vem da sensação de mortalidade, de insatisfação, de nosso desejo nunca explicito de ter o destino nas próprias mãos o que parece, cada vez mais, inalcançável. O certo é que as luzes, os presentes, as canções nos deixam comovidos e aprofundam nossa capacidade de sentir, de sofrer, de amar, de lembrar e de ter saudade- cutucando a ferida braba do viver.
Seja como for também é hora de trocar carinhos. De agradecer o milagre que é a vida, de saber que, por pior que estejamos, há pessoas que nos querem bem, que nos amam e que renovam as nossas esperanças na humanidade. E, no fundo, Natal não só no símbolo da criança que nasceu para nos salvar é um tempo de renovação, de fortalecimento, de recuperação das energias. Então minimize as alfinetadas da dor, anestesie as saudades e erga um brinde ao futuro. Que o Natal seja o começo de um novo tempo e, quem sabe, a estrela da felicidade não volte a brilhar intensamente como dizem que brilhou em milênios passados sobre uma manjedoura de Belém. Feliz Natal!

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