Total de visualizações de página

segunda-feira, dezembro 12, 2005

A GREVE DAS UNIVERSIDADES

Se há uma inação vergonhosa do governo federal esta é, justamente, em relação à paralisação das atividades de dezenas de universidades federais espalhadas pelo país inteiro. Na Unir, em Porto Velho, isto é visível pelas vagas no estacionamento, com poucos, às vezes, nenhum veículo estacionado. A quantidade imensa de espaços vazios sinaliza a ocorrência da anormalidade existente que se verifica pelos blocos que abrigam parcos gatos pingados que teimam em comparecer para assistir uma ou outra aula de algum professor resistente. O desânimo se estende pela lanchonete, pela biblioteca fechada que, inclusive, se diz que não tem sequer água para refrigerar o ar ainda que as aulas estivessem normais. Os corredores, as passarelas somente dão abrigo às folhas espalhadas que completa o ar de abandono do Campus José Ribeiro Filho.Depois de mais de cem dias de suspensão de atividades não resta sequer um leve eco das aulas. Algumas poucas pessoas da área administrativa mantém os prédios funcionando e, em certas horas, o silêncio é maior e mais significativo do que no cemitério em frente. A verdade é que o longo período de paralisação é o maior atestado da falência do governo Lulla da Silva. Um governo cujo dirigente disse que mesmo sendo iletrado “ia consertar a universidade” numa alusão a seu antecessor, que, como professor, também já havia frustrado a sua classe. Não importa se ilustrado, ou não, o que se viu, o que se vê, é o completo desrespeito aos professores que são tratados pior do que os sem terras na medida em que estes últimos pelos menos conseguem ser recebidos e ter dialogo com o governo. Aos mestres Lulla da Silva, e seu ministro temporão, somente ofereceram o prato pronto e ruim. É verdade que não é um comportamento novo. As greves nas universidades federais têm sido, nos últimos anos, uma constante com desperdício de tempo e atropelamento do calendário escolar. Mas, a atual, mercê da inação e da falta de habilidade está prestes a bater recordes, se perdurar por mais alguns dias. A pauta de reivindicações, que nem é levada em consideração, tem sido sempre a mesma: plano de carreira, incorporação ao vencimento-base das gratificações, reposição salarial, abertura de novas vagas para docentes, equiparação dos inativos, melhores condições de trabalho. Na verdade a maioria absoluta dos professores tem que ter atividade externa com maior remuneração, sob pena de passar fome. Muito poucos sobrevivem apenas do magistério. A remuneração é baixa, baixíssima, em relação a outros setores do serviço público. Por incrível que pareça é melhor ser policial que ser professor universitário, além de ter mais estabilidade e respeito. O quadro nas universidades é dramático. Crescem o número de cursos e alunos sem crescer o número de professores e sem a mínima condição para dar aulas. Daí as 16 greves, desde 1980 que resultaram em poucas reivindicações atendidas. A remuneração de professor, melhoria e aperfeiçoamento dos cursos de graduação, pós-graduação e extensão, constituem despesa de custeio para manutenção do status quo universitário que são contingenciadas, e cortadas, cortando o futuro do país que precisa de conhecimento para crescer. Aos mestres só prometem sanções. Reconhecimento nenhum. Mas que se pode esperar de um país cujo presidente é carente de escolaridade formal? Ele mesmo não é um bom modelo, logo não pode ser bom dirigente. E adeus Brasil decente.

Nenhum comentário: