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terça-feira, dezembro 13, 2005

MENOS PROMESSAS, MAIS EDUCAÇÃO

Muita gente não lembra, porém, um pouco depois da posse, Lulla escolheu duas cidades para mostrar a miséria a seus ministros, demonstrar que as coisas iriam mudar e lançar o Fome Zero: Guaribas, no Piauí, e Itinga, em Minas. Levou uma imensa equipe para lá e fez comícios, discursos, fotografias e, acima de tudo, promessas para o povo sofrido que pensou que, finalmente, era chegado o novo tempo. Depois até mandou novas equipes do governo para lá e jurou que a fome ali ia acabar imediatamente. Guaribas e Itinga viraram sinônimos e símbolos da ação social do governo. Seriam as primeiras demonstrações de que o social era, agora, a prioridade do Brasil decente com Lulla presidente. Passaram-se três anos e, no começo desta semana, a imprensa noticia que mais de meio milhão de crianças estão sem receber os recursos federais para a merenda escolar porque 226 prefeituras onde moram tem problemas burocráticos ou de prestação de contas. Entre elas Guaribas e Itinga. Lá, como em outros municípios, os repasses não são feito ou por não prestarem contas da verba recebida antes ou não renovaram a composição dos CAE-Conselhos de Alimentação Escolar, que fiscalizam a aplicação do dinheiro. E, pasmem, na lista estão os 50 municípios mais pobres do País, como Guaribas, Itinga, Poço Dantas, Demerval Lobão e tantos outros das regiões mais pobres. O cruel é que, justamente, nos municípios onde Lulla esteve, prometendo mundos e fundos, vários deles tiveram a merenda escolar interrompida ou cortada. Não há exemplo mais claro de falta de “vontade política”. Não dá para acreditar que não se ache soluções para problemas assim. O que isto explica é que mudou tudo para nada mudar. A insensibilidade, se não continua a mesma, piorou. É o que se vê, inclusive, na área da Educação, única forma do país melhorar de fato, onde as escolas e as universidades abandonadas somente causam revolta e indignação, pois há uma tentativa clara de fazer uma transferência maldosa de responsabilidades diante do quadro caótico que se configura no processo de ensino – aprendizagem, culpando os diretores e professores pelos problemas. Ora é muito fácil culpar a parte mais fraca da cadeia que tem que se virar diante da falta de condições para desempenho de seu trabalho. Faltam computadores, papel, material didático. Faltam livros, falta telefone, falta dignidade e falta respeito por parte do poder público a profissionais que, muitas vezes, tem que ter três ou quatro empregos apenas para sobreviver e, apesar disto, ainda conseguem distribuir o saber. Todo mundo sabe que o investimento em educação, por parte do governo, está abaixo do que é necessário, mas estamos à mercê de um governo que faz uma política voltada para o fortalecimento do poder econômico de uma minoria em detrimento do povo. É preciso que os que fazem o Poder tenham como prioridade a valorização da educação e dos profissionais que tiram leite de pedra e ainda promovem alguma melhoria diante do pouco que lhes é oferecido. É tempo de se dar à educação o valor que ela merece para o bem de nosso país.

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