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terça-feira, dezembro 20, 2005

VIVA A BOLÍVIA!

A vitória de Evo Morales na Bolívia é uma incógnita que paira sobre o futuro da nação vizinha. Embora, hoje, seja saudada, como no passado o foi Lulla da Silva, como a libertação de um dos povos mais explorados, espoliados da América do Sul. Na verdade, o novo presidente, em suas entrevistas internacionais, mesmo demonstrando conhecer profundamente os problemas de seu povo se mostrou evasivo, e até mesmo desconhecedor das relações internacionais, com afirmações, no mínimo, ingênuas sobre o seu poder (e do país) no contexto atual. O Brasil, representado pelo governo Lulla da Silva, tem lhe dado apoio (exagerado ao ponto de existir queixas de intromissão indevida nos negócios internos bolivianos pelos adversários de Morales) se bem que nós devemos estar sempre ao lado de governos nacionais e independentes, não só na Bolívia, mas em todos os lugares. Também, respeitados os limites, o Brasil tem que se transformar numa potência regional, primeiro, e, depois, mundial, daí ser interessante apoiar governos novos mesmo quando, como agora, adota posições que contrariam os interesses brasileiros, mas, como se trata de riquezas deles, devemos estar abertos ao diálogo.
É preciso, porém exame e dedicação para que esse diálogo Brasil-Bolívia dê certo. Como também atentar para os interesses a defender lá, sem colocar em xeque os interesses deles, para construir uma parceria sólida e duradoura. É indispensável uma negociação responsável e não impor posições à Bolívia com quem precisamos nos irmanar e estreitar ligações carinhosas. A Bolívia, além de ser um país vizinho e irmão, por sua posição mediterrânea terá sempre um papel vital na América do Sul e os governos são passageiros enquanto os países não. Também a cautela se faz necessária por não ser a primeira vez que há alternância de Poder na Bolívia. Já existiu o governo Paz Estenssoro, que ganhou a eleição de 1951, que, sem o devido preparo internacional, exagerou nas medidas nacionalistas e gerou uma reação, gestada externamente dos interesses multinacionais, que acabaram por derrubar sua liderança. Apesar de ser um líder “cocalero” Morales, nem os indígenas, possuem ligações com drogas, vício, tráfico, mas, por tradição, e dada à realidade local de altitude elevada, mascam coca praticamente desde que nascem como uma defesa contra a altura. Lá é como o café, em qualquer casa, fumegando na cozinha, o chá de coca é servido nos mais diversos momentos. O chá e a folha são consumidos até por estrangeiros que vão a La Paz para enfrentar as dificuldades de adaptação. Os bolivianos, um povo maravilhoso, com diferenças étnicas, geográficas e sociais são, na sua grande maioria, indígenas e Morales será o primeiro deles a quebrar uma longa hegemonia. Morales defende, com razão, que a Bolívia tem petróleo, gás, uma riqueza enorme que deve servir a eles e não para mantê-los escravos. É incontestável. Mas, de palavras, conhecemos bem a experiência de um trabalhador que virou presidente. Vamos torcer, e ajudar se possível, para que a experiência de lá seja melhor do que a daqui. De qualquer forma não podemos deixar de saudar a vitória de Evo Morales que é o desejo de uma população de 14 milhões de nossos irmãos bolivianos. E a Bolívia é um grande país que, igual ao nosso, precisa realizar seu sonho de prosperidade e melhoria social.

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