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quinta-feira, janeiro 19, 2006

AS SOMBRAS SOBRE A IMAGEM

O fim da remuneração adicional, embora já embolsados os R$ 25 mil da convocação extra em curso, apesar dos elogios que merece, juntamente com a diminuição das férias, restrita agora a 55 dias, embora seja um avanço não é suficiente para melhorar a imagem desgastada do Congresso. Não apenas pela gazeta de muitos, pelo desinteresse pelas matérias em votação, mas, principalmente, porque paira sobre ambas as Casas que o compõem a suspeita, muito fundada, de que só cuidam dos interesses próprios. E mesmo a unanimidade da aprovação dos projetos citados aparece apenas como uma pálida prestação de contas.
O certo é que, por mais que os parlamentares tratem de cultivar uma melhor imagem, semeiam num terreno devastado pela insatisfação e pelo descrédito popular - decorrentes dos diversos escândalos que se tem sucedido, da impressão crescente de impunidade que cidadãos honestos têm assistido, impotentes, espantados, mas também revoltados e considerando que qualquer mudança que apenas reduza o grau de tamanha sem-vergonhice é insuficiente. Há, no ar, uma necessidade imperiosa de limpeza, de que, realmente, ao contrário só das palavras, que se veja cortar na própria carne. Assim, mesmo que parcialmente seja um avanço a aprovação, na Câmara, do projeto que acaba com o pagamento de dois subsídios na convocação extraordinária do Congresso e do outro que diminui as férias, são vistos ainda com extrema desconfiança. Como se apenas os parlamentares jogassem fora os anéis para não perder os dedos.
Há mesmo uma parcela da população que, mesmo com as mudanças, alimentam um certo sentimento de frustração por ter percebido que houve um acordo, que mesmo diminuindo privilégios, ainda assim estes permanecem sendo muito grandes em relação aos cidadãos comuns. Basta ver que, pelo acordo fechado, a redução do recesso parlamentar de 90 para 55 dias ainda representa muita coisa em relação às férias dos mortais comuns, quase um mês a mais! A sensatez teria sido que prevalecesse o descanso de 45 dias, que seriam 15 dias a mais do que as férias da maioria dos brasileiros, porém os parlamentares preferiram olhar para os privilégios dos juízes (120 dias de férias/anuais). Ou seja, não seguiram no rumo do melhor por se comparar com outros mais privilegiados! A Justiça que, por sinal, continua sendo o oásis dos privilégios.
No entanto há uma tendência inexorável para que haja mudanças, principalmente porque a má imagem atinge todos os poderes, e, citando os exemplos do Peru e da Venezuela, a história mostra que, quando as mordomias não são ceifadas por conta própria, não faltam iniciativas que acabam por desalojar os que se pensavam vitalícios. A lição é válida: as instituições precisam justificar seus comportamentos e custos. È por tal razão que existe uma insatisfação tão grande com os poderes, atualmente. No fundo a população entende que paga demais para ter tão pouco retorno.

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