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quinta-feira, janeiro 26, 2006

A FARSA EM DECOMPOSIÇÃO

Embora o governo insista em negar a existência, no seu interior, de uma quadrilha capaz de assaltar os cofres públicos e tenha mesmo externado a opinião de que já apanhou demais, no entanto o furor com que, como um rolo compressor, tenta evitar as investigações levanta, mesmo nos menos avisados, as suspeitas mais sombrias sobre sua atuação. Qual a razão, para que um governo que se diz tão limpo, fugir com tanta pressa das investigações, impedir o fornecimento de documentos e até recorrer à Justiça para que não seja dado acesso a documentos em poder da Polícia Federal? E, malgrado a negação da existência do Mensalão, as demissões, os expurgos e até as doenças súbitas de ilustres companheiros, ou aliados, são de molde a induzir que, quem encosta-se a Lulla da Silva, por mais brilhante que seja seu passado, termina apresentando um comportamento que é oposto do que pregaram durante tanto tempo e, por isto mesmo, estão sendo enterrados publicamente.
O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, mesmo sendo tratado a pão de ló na CPI dos Correios, não deixou de parecer uma daquelas almas penadas de prisão, fantasma que desfila com uma bola no pé. É, no mínimo, uma zombaria ainda ter a coragem pública de, mesmo de forma indireta, defender seus ex-companheiros de Prefeitura e afirmar, sem pestanejar nem ficar vermelho, que todos os problemas que por lá apareceram se deve a manipulações. Um imenso conluio que, certamente, deve ter contado com seus próprios ex-companheiros na medida em que episódios como o dinheiro proveniente de Cuba ou os repasses de recursos para a direção do PT não são afirmações dos outros partidos e sim denúncias do chamado “fogo amigo”. Da onça, certamente.
O pior é que o governo, que, supostamente, iria salvar o país dos bandidos, dos que assaltavam os cofres públicos, não consegue se livrar da suspeita generalizada de que não apenas o PT como o próprio Palácio do Planalto, no poder, produziu o inverso do esperado e, com mais afinco do que os governos passados, foi ao pote e impede de todas as formas possíveis a descoberta de suas patifarias, inclusive inventando desculpas como a do Caixa 2, dos empréstimos e, por fim, uma tentativa de acórdão para paralisar todas as investigações em andamento. O grande problema é que a lama do valerioduto causou interrogações que não podem ser controladas. Não adianta querer transformar, malandramente, denúncias tão fortes em mero discurso eleitoral. Mesmo com as CPIs subjugadas, com o engodo oficial do discurso dos “erros”, do “não sei de nada” e a alegação pouco comprovada de que “nunca um governo fez tanto” e, apesar dos sindicalistas e ONGs pelegas, a opinião pública segue exigindo, cobrando punição. E não vai adiantar impedir o acesso a conta de Duda Mendonça no BankBoston de Miami (a Dusseldorf) nem aos papéis sob a guarda da Receita Federal, pois ao agir assim, o governo afunda, cada vez mais, no pântano da crise e a lama que respinga pode até ser encoberta pelas manipulações das pesquisas, porém, nas eleições, o povo brasileiro dará sua resposta a toda esta gigantesca farsa.

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