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segunda-feira, janeiro 02, 2006

A TRISTE SINA

Claro que, para a grande maioria, o ano de 2005, que recém se encerrou não deixará saudades. Para a classe media, em especial, para profissionais autônomos e liberais e pequenos empresários não só foi um tempo medíocre, em termos de crescimento e renda, como foi um ano de permanente busca de equilibrar as contas que, muitos, não conseguiram até porque, nem no quarto e último semestre do ano, quando a economia em geral se aquece, houve algum crescimento. Deve ter havido, mas tão pequeno que só fez acentuar sua insuficiência, daí o recorde de cheques devolvidos. Sem dúvida chegamos ao fim do ano com um déficit de progresso, prosperidade, emprego, distribuição de renda e melhoria do padrão de vida do povo. Em contrapartida tem crescido a pressão tributária com sua carga tendendo para os extorsivos 40% do PIB.
Assim, quando, ainda por cima, se observa o tão pouco que o governo dá em troca, como a falta de segurança, a má qualidade das estradas, a ausência de padrões mínimos de educação, de saúde, de assistência social e tantas outras coisas, chega a ser um deboche a fala de início de ano de Lulla da Silva. Numa manipulação audaciosa da mídia, com a improvisação do malajambrado Pedro Bial de repórter político, o presidente mais uma vez tenta suprir as deficiências de seu governo derramando verborragia.
O triste, o patético, o vergonhoso é que, ao tentar emendar o que não tem emenda, despedaça de vez o soneto. É vergonhoso um presidente da República que confessa, perante toda a nação, que não possui nenhum tipo de controle administrativo sobre o governo e seus subordinados; que, espantosamente, tem os mesmos limites de percepção que o seu entrevistador e o cidadão comum que o vê! E, apesar de sua confissão de despreparo, ainda volta a prometer, como já fizera sem sucesso no começo do ano anterior, que as coisas, em 2006, vão melhorar.
Como vão melhorar não explicou em momento algum. Limitou-se a citar obras evasivas, feitos que não se sente fora dos seus auto-elogios e da propaganda-esta sim farta e desenfreada. O que se sente fora, o que pesa no bolso do consumidor é a sucção desmedida e desarrazoada de recursos por parte do governo, são as faltas visíveis das reformas que, as que foram feitas, frustraram quem nele havia votado e as que não foram Lulla da Silva se limita a dizer que as enviou ao Congresso como se bastasse mandar as emendas, como se não fosse de sua competência arregimentar e utilizar seus esforços para mudar de fato o país. Também nada disse de concreto sobre o Mensalão e o "caixa dois" que enlamearam seu partido e fizeram colocar para fora todos os que o rodeavam mais de perto, com exceção de Palocci também profundamente baleado. Enfim uma aparição esdrúxula, meramente eleitoreira, que não aponta novas opções nem contribuiu em nada para superar o infeliz quadro de estagnação e falta de rumos que o país vive. A impressão única que permanece é a de que a mudança somente será feita pelo voto e Lulla da Silva continuará sua triste sina de nada fazer e muito falar.

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