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terça-feira, janeiro 17, 2006

A DECISÃO DO FUTURO

A economia é feita de dois circuitos que se completam: o circuito produtivo e o financeiro. A economia real é a do circuito produtivo que envolve a vida real, a produção, as máquinas, os empregos, mas não se pode desprezar o papel do circuito financeiro que serve para representar e financiar os investimentos, os bens, as empresas e é representada, basicamente, por papéis e dinheiro. Ambos são monitorados e há uma tentativa de controle, via governo, por vários mecanismos, um deles, a taxa de juros, que, no caso brasileiro, vem sendo mantida em níveis elevados prejudicando a produção.
Processa-se, no momento atual, mais uma reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que deve decidir se tal política continuará, como foi nas últimas reuniões, ou será abrandada ou não. Há o receio de que o BC mantenha o ritmo demasiadamente lento do desaperto das taxas prejudicando as necessidades de crescimento do país. O receio é maior ainda quando as estatísticas divulgadas sobre o emprego industrial demonstram uma persistência trimestral de sua diminuição. Também contribui para tal o fato de que foram diminuídas as reuniões do Copom de 12, no ano passado, para 8, o que implica numa menor capacidade de ajuste. Muitos especialistas também (que trabalham com a perspectiva de uma redução da taxa de 0,75% nesta reunião), fazem à conta de que são grandes as possibilidades de se terminar o semestre com taxas de 16% o que seria desalentador. Um excesso de autoridade monetária.
Um excesso inclusive reconhecido publicamente, embora tenha sido orientado para se calar, pelo secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que tem apontado para a contradição entre a curva da taxa de juros de médio prazo (incluindo as expectativas para 2006) e as diversas variáveis macroeconômicas existentes hoje no país. Porém os próprios relatórios do BC são denunciadores do conservadorismo da política monetária, pois apontam os números positivos. Prevê-se inflação de 4,5%, que as contas correntes permanecerão superavitárias com o superávit primário esperado acima da meta de 4,25% do PIB, logo há uma larga oportunidade de aumentar o PIB que está sendo perdida com o aperto monetário.
Não há nem mesmo sintomas de vulnerabilidade externa brasileira que, parece, notavelmente sob controle. Exceto se, o que é desmentido e reafirmado que não será feito, sejam abertas as torneiras para gastos eleitorais, tudo está perfeitamente controlado, para que o país atravesse a turbulência política sem solavancos econômicos. Um feito e tanto. Há, portanto, algo de errado - uma obscuridade prática e teórica- em não olhar para o fato de que o país está farto de políticas econômicas que o mantenham no imobilismo. O Copom, no fundo, vai decidir se o Brasil pode, ou não, crescer este ano.

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