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segunda-feira, novembro 07, 2005

A ALCA EMPERRADA

A imprensa brasileira se mostra surpresa com o fato de que, em sua visita ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, numa sincera avaliação sobre as dificuldades para criação da Área de Livre Comércio das Américas -Alca, projeto co-presidido pelos Brasil e pelos EUA, que encalhou, até agora, só andou para trás, reconheceu que os obstáculos para o sucesso das conversações não residem apenas na resistência do Brasil e de outros países à idéia, mas à forte oposição que a Alca possui entre os próprios norte-americanos. Na Granja do Torto o presidente americano admitiu que a conversa com Lulla da Silva não produziu nenhum progresso sobre o tema, mas ressaltou que "Ele precisa ser convencido, da mesma forma que o povo dos Estados Unidos precisa ser convencido, que um acordo de comércio em nosso hemisfério é bom para o emprego, é bom para a qualidade de vida" e completou seu pensamento afirmando que "É importante que o povo brasileiro compreenda que esse acordo não acontecerá se o presidente Lula pensar que ele não é do interesse do povo (brasileiro)".Embora de positivo tenha sido acertado que os dois países trabalharão juntos para o progresso da Rodada de Doha na reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio -OMC, no mês que vem em Hong Kong, que é a condição do Brasil para a retomada das negociações da Alca. É verdade também que as posições do Brasil e dos EUA são mais próximas em relação à dificuldade central das negociações - a redução dos subsídios agrícolas - do que a que enfrentam com a União Européia e especialmente da França, que resistem a reduzir subsídios e tarifas de produtos agrícolas.
A questão principal, no entanto é que os EUA são os EUA, ou traduzindo claramente o que disse a secretária Condoelleza Rice, “O poder conta”. Efetivamente os norte-americanos são contra a Alca porque, por experiência, sabem que perderão mais indústrias e empregos para o Brasil com a abertura. E o Brasil possui com a Alca uma oportunidade ímpar de crescimento mesmo que a um custo, relativamente baixo de, no começo, acumular saldos comerciais muito negativos. Na verdade a Alca é mais necessária ao Brasil, na situação atual, que aos Estados Unidos. É a falta de visão de futuro, um antiamericanismo infantil e a obtusidade de uma ideologia ultrapassada de esquerda e a falta de capacidade de negociar que emperra o andamento da Alca. Pior para o Brasil. Os xenófobos, todavia não enxergam isto. Acreditam que num mundo interdependente podem permanecer no atraso e criar uma “terceira via” que, até agora, tem sido tão inócua quanto nossa embaralhada política externa.

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