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quarta-feira, novembro 30, 2005

O PODER PELO PODER

Os recentes acontecimentos no Sintero que, diga-se de passagem, não se restringe apenas aquela entidade sindical, mas é um sintoma do que acontece em várias outras eleições nas quais grupos que se apossam de uma entidade passam por cima de todas as condutas éticas e morais para se manter tem sido uma constante. Constante, aliás, que se assiste, sem exceção, em todos os níveis de poder (como se o exemplo não viesse de cima). São comuns as denúncias de presidentes de Tribunais de Contas, de presidentes de Assembléia, de presidentes da Câmara e do Senado que fizeram o que puderam para se manter sem contar a reeleição de Fernando Henrique e a lambança que o próprio Lula realiza para se manter não se sabe com quê finalidade na medida em que não governa.
São por fatos assim que os políticos, seja de que tipo de partido for, estão tão desacreditados, tão desmoralizados que, grande parte da população, confessa abertamente que vota por obrigação e que, nas próximas eleições, votarão em branco ou anularão os votos. Não bastasse isto é crescente a irritação dos brasileiros com o descaramento crescente também de muitas personagens públicas a ponto de um senhor ter perdido a razão e, num momento de indignação, ter desferido algumas bengaladas que, não deixa de ser uma agressão, mas é também um gesto simbólico contra a impunidade que grassa mais do que erva ruim no solo brasileiro.
Antigamente se dizia que muita saúva e muita preguiça os males do Brasil eram. Hoje corrupção e impunidade os males do Brasil são. Pelos noticiários e jornais televisos até parece que nunca antes se exibiu tanta criminalidade e mau caratismo com naturalidade e complacência. É como, se agora, se tivesse dado permissão para que todos revelassem seu lado ruim, podre, covarde, de modo que parece que se assiste a uma gigantesca revelação de mau caráter pela maior parte da população brasileira. A maldade anda tão à solta que, no Rio de Janeiro, no bairro da Penha, bandidos não somente assaltaram um ônibus como se deram ao desplante de queimá-lo com passageiros dentro matando nada menos de cinco pessoas. É uma demonstração total de desumanidade, um comportamento inferior ao dos animais que matam por instinto de defesa ou necessidade de comida, porém jamais por puro instinto bestial. Infelizmente chegamos a este ponto no qual a vida humana já não merece a menor consideração e o que é pior, até nas revistas de circulação nacional, aparecem depoimentos de pistoleiros confessando que não sentem nada por tirar vidas alheias. Não se enganem, e os sociólogos e psicólogos confirmam, a falta de punição dos delitos, pequenos que sejam, a ausência de educação e de deveres, numa sociedade que só tece loas ao prazer, tem grande parte da responsabilidade por isto. Mas a mudança passa por sanear os mecanismos de poder. Por dar oportunidade aos que querem uma sociedade melhor e não aos insensatos que almejam o poder pelo poder.

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