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sexta-feira, novembro 11, 2005

VERGONHA DE SER HONESTO

As manchetes dos jornais de Rondônia (e não está muito diferente no resto do país) são verdadeiras páginas policiais. Uma dá conta de que um vereador pode ser cassado por suposto crime de compra de voto, outra que professor vende provas ou um empresário é assassinado e, até nas manchetes secundárias, se sobressai à ameaça de morte que, por uma carta anônima, a deputada Ellen Ruth (PP) teria recebido. Pelo que se vê nas manchetes passamos a ser um Estado de desonestos, um País de ladrões, um campo de corrupção desenfreada, de impunidade, de desonestidade. Até parece que a honestidade deixou de ser uma virtude ou então passou a ser uma brincadeira da qual só os tolos ainda pretendem participar. Nem mesmo nos salva a execração nacional sobre "as roubalheiras", que sem punição, começa a ser uma manifestação infantil, se examinada seriamente. Há até mesmo um cansaço de grande parte das pessoas, e de alguns intelectuais, que acreditam que a proporção dos escândalos e o tamanho do roubo estão banalizando a questão, de tal forma que o melhor seria deixar pra lá. Ocorre que roubo é roubo, grande ou pequeno, tem como característica básica a falta de caráter de quem o comete e, se investido de função pública, pior ainda, pois não se trata apenas do roubo, mas também da traição ao mandato, a traição a quem, acreditando na democracia e nos partidos, coloca alguém em seu nome que, de forma torpe, pilha os cofres públicos. Neste caso o indivíduo não é só ladrão como se torna um deseducador na medida em que serve de referência para que outros o imitem e até superem. E, como assistimos nos depoimentos das CPIs, se constata que há muitas maneiras de ser ladrão do dinheiro público e, quando há dinheiro, como também se verifica, rapidamente se organizam as quadrilhas que, infelizmente, hoje, se encontram encrustadas em todos os poderes. O problema maior é que as autoridades estão, por inércia ou conivência, perdendo completamente a capacidade de se fazer respeitar, de tal forma que, imersos de uma forma ou de outra, na lama que escorre pelos palácios e repartições públicas terminam por ser exemplos negativos para toda a população seja porque não possuem a escolaridade necessária, seja porque até se jactam de não ter pisado nos bancos escolares. O resumo de toda esta situação é que estamos chegando ao ponto que vaticinou o grande Ruy Barbosa, ou seja, as pessoas de bem estão quase chegando a ter vergonha de ser honesto. E, do jeito que a coisa anda, ser honesto é ser um sério candidato aos programas assistenciais do governo federal que, aliás, possuem cadastros que, conforme verificado, não primam nada pela honestidade. Ou seja, a Fome pode ser zero, mas a corrupção atual está chegando perto do dez.

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