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quinta-feira, novembro 17, 2005

INDÍCIOS DA CRISE

É bem verdade que a atual crise política não tem tido o efeito do passado quando qualquer problema no governo afetava de forma violenta a economia. E isto, é bom que se diga, não se pode creditar ao atual governo, mas ao fato de que, desde 1994, vivemos tempos de estabilidade não só constitucional como econômica. Acrescente-se que, salvo o período Collor no qual este esbanjou individualismo impondo sua vontade sem considerações pelo poder econômico, o que assistimos, no momento, é a rendição completa da política à economia. Como o governo não tem um plano de longo prazo, não possui metas traçadas, não sabe o que fazer, fora prometer para o futuro e manter o assistencialismo para as massas menos favorecidas, sua principal preocupação tem sido apenas a de manter o ajuste econômico o que é um fator de estabilidade, pois estão pagando muito mais juros de qualquer governo anterior e, por conseqüência, proporcionando os maiores lucros que bancos, financeiras e grandes empresas tiveram nos últimos tempos. Neste sentido o presidente Lulla da Silva é o presidente dos sonhos dos grandes empresários que não dizem isto para não comprometer o governo, mas, internamente, torcem para que fique.
O mesmo não acontece, porém em relação a muitos dos chamados setores produtivos não somente porque os juros altos inviabilizam seus projetos, o crédito continua curto e só existente nas propagandas oficiais como também porque o atual governo se constitui, historicamente, nos últimos vinte e cinco anos o que menos investiu em termos gerais 50% abaixo da media histórica de investimentos no país). Não adianta o governo ficar se jactando de que tem reservas, que nunca se exportou tanto e possui os maiores saldos da balança comercial mesmo quando aumentou as exportações. Na prática os resultados que interessam os de aumento dos empregos e da renda que impactam sobre os trabalhadores são pífios. Os dados das indústrias mostram que, neste final de ano, houve sensível redução da produção e dos pedidos, bem como os lojistas não estão nada animados com as vendas futuras, apesar de, na tentativa de aumentar o faturamento, tenham aberto suas lojas nos feriados e anunciem queima de estoques e produtos com até 50%. O fato inconteste, e a inadimplência atesta, é que falta dinheiro na praça. Um dos indícios é que as decorações natalinas, com exceção dos shoppings nas grandes cidades, parecem, no presente ano, aproveitamento dos materiais do ano passado e, em Porto Velho, por exemplo, o que se observa é uma pobreza, seja de ornamentos ou de luzes, que não traz bons prognósticos. Alguns lojistas, por causa dos protestos, não compraram nada e rezam para que, ao menos, as vendas se mantenham no patamar do ano passado. Ou seja, a crise política, de qualquer forma, afeta a economia.

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