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segunda-feira, novembro 14, 2005

A TEMPERATURA SOBE

A derrota do governo, com a prorrogação da CPI dos Correios até abril de 2006, aliada à fragilização acelerada do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, deve adicionar novas preocupações aos problemas que rondam o Palácio do Planalto. E, de quebra, aumenta a tensão existente entre governo e oposição e entre o próprio executivo e o Congresso na medida em que, informalmente, o acontecimento aumenta as dissenções entre Lulla da Silva e Renan Calheiros que já acumulavam queixas mútuas. O mínimo que um fala do outro é que foi traído. De qualquer forma a prorrogação vai produzir indubitáveis efeitos sobre a instabilidade decorrente do avanço das investigações e deve ser um elemento a mais de acirramento das posições dado à proximidade das eleições. Também contribui para piorar o clima o destempero verbal de parlamentares, que por suspeitarem de ações contra si ou grampos de telefones, demonstram disposição de promover uma guerra aberta contra um governo cujas evidências de que, pelo menos, deixou que ocorressem fatos muito pouco éticos e que maculam qualquer administração por maior crédito que tenha tido. Diante de tais fatos só se pode esperar que a turbulência política venha a aumentar neste final de ano e no próximo. Por outro lado, a sociedade se demonstra sinais de que cansou da banalização dos escândalos nem por isto deixa de acompanhar, passiva, o longo calvário do governo e a sucessão de patifarias impunes para as quais esperam que, no fim, haja punição, embora uma boa parte pense que tudo vai acabar em pizza. E, colabora para isto o fato de que apenas Roberto Jefferson, justamente quem denunciou, é que tenha, até agora, sido cassado.
É também, no mínimo, constrangedor, e por tal razão o presidente da OAB, Busato, já assinalou como um fato suficiente para a solicitação de impeachment, que o presidente Lulla da Silva tenha, ao longo do processo, se contradito por diversas vezes chegando a ponto de, depois de dizer que não desejava impedir os trabalhos de nenhuma CPI, ter se empenhado, e o seu governo, para barrar a prorrogação das investigações. Claro que aos governos não interessam CPIs. Até porque se torna instrumento fácil para o palanque oposicionista, para a paralisia das votações do Congresso e, sobretudo, para revelar fatos, em geral, perigosos para o poder. O problema, no entanto, é quando um o chefe do Estado afirma uma coisa à nação e se comporta, na prática, completamente diferente. E, na verdade, o aumento da temperatura amplia, para muito além das CPIs, os problemas, pois não somente o governo se encontra paralisado, como o Legislativo, por exemplo, não pode mais conviver com a permanente paralisia de suas atividades. O Brasil, e seu povo, só espera que as investigações prossigam e a punições dos culpados aconteçam, mas também não pode se dar ao luxo de ver a administração pública parar do jeito que está acontecendo. É tempo das forças políticas compreenderem que é preciso posições mais definidas ou medidas mais drásticas. O país não pode parar apenas e exige que a questão política seja resolvida.

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