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domingo, novembro 13, 2005

MUDAR NÃO MUDA NADA

O ministro Antonio Palocci, da Fazenda, adotou uma postura de continuidade e aprofundamento da política econômica do seu antecessor, Paulo Malan, sem qualquer inovação na área macroeconômica. Nem mesmo tendo um contexto internacional muito mais favorável, nos campos comercial e financeiro, do qualquer das pessoas que ocuparam o cargo não conseguiu produzir senão resultados medíocres, em termos de crescimento da economia brasileira. Palocci, que foi uma surpresa na medida em que sua experiência era meramente administrativa como ex-prefeito de Ribeirão Preto, agora, tem estado permanentemente, sob uma pesada artilharia graças aos indícios que se avolumam de que participou diretamente das articulações para montar o famoso Caixa 2 do PT e há até quem o aponte como o mentor intelectual das falcatruas atribuídas a Delúbio Soares, o que talvez já seja demais. Acontece que adotou uma linha de conduta, depois de ter ido bravamente para a linha de frente, responder as acusações de imitar seu presidente e havia se mantido num mutismo que se torna impossível de manter diante dos “cubodólares” que se tornaram patentes pelos depoimentos de Buratti e de Poleto, este único negando com a convicção dos réus. Em vista disto o desgaste era inevitável. E se acentuou com uma entrevista da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que fez uma crítica tanto inoportuna quanto sensata e pertinente aos planos de ajuste fiscal que vêm sendo elaborados pela equipe econômica. O ministro Palocci sentiu a pancada e magoado, segundo os jornais, se queixou a Lulla da Silva e até andou querendo tirar o time de campo. Vieram os desmentidos, por meio de fontes governamentais, e Lulla tratou internamente do caso, separadamente, com Palocci, Dilma e Paulo Bernardo, procurando uma conciliação de posições no fundo impossível de ser obtida. Não é somente pelos planos de ajuste fiscal como também porque a posição da ministra Dilma, justificada pela inoperância do governo, é que se faz necessário aumentar as despesas públicas, os investimentos e diminuir as taxas de juros como forma do governo ter meios de fazer frente as críticas de que é alvo. No entanto, de acordo com os planos existentes na Fazenda, os juros somente cairiam dependendo, em grande parte, do êxito de uma política que exigiria de emendas constitucionais. Essas emendas visam prolongar a vigência e ampliar o escopo da Desvinculação de Receitas da União, a DRU, e prorrogar, uma vez mais, a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF. O que, nas atuais condições, parece pouco provável de ser obtido no Congresso. Comenta-se o ministro Palocci está de malas arrumadas. Já vai tarde. Palocci já deu a sua (péssima) contribuição ao país. Não se terá muita dificuldade de substituí-lo. Num governo decadente, como o de Lulla da Silva, a sucessão nos cargos se assemelha muito à sucessão na chefia de quadrilha de morros. Não falta quem, no momento, esteja atirando em Palocci de olho no seu assento. No governo atual, até segunda ordem, o crime compensa. Graças ao chefe que não vê, não enxerga nada como comprovado e tudo de mal que o governo faz, mesmo denunciado por seus próprios companheiros, é puro denuncismo. É, no mínimo, a conivência brincando de bom-mocismo. Pode até se segurar, mas mudar não muda nada. E aprofunda a crise e o que havia de ruim.

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